sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Ação Social dos Grupos Pet para o Dia das Crianças, uma forma impactante de perceber a realidade que nos cerca


No dia 14 de outubro de 2018 foi realizado uma ação social para as crianças do bairro Estrela Verá, contando com a parceria de todos os grupos Pet’s da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Basicamente, a ação social consistiu na montagem de barracas e de brinquedos alugados pelos professores/tutores do programa, que acompanhado de lanches e bebidas, tinha o objetivo de fornecer um dia especial para os pequeninos daquele bairro, em comemoração à semana do dia das crianças.
Foi gratificante observar a alegria e o sorriso daquelas crianças que se divertiam com os brinquedos em um dia de domingo ensolarado e extremamente quente, da mesma forma que foi gratificante e ao mesmo tempo bastante prazeroso trabalhar com os outros grupos Pet da UFGD, que mostraram uma verdadeira união e espirito de equipe na hora de se organizarem para a execução desta ação social. Ações deste tipo ajudam na nossa formação humana e cidadã, ressaltando o valor do trabalho em equipe e do companheirismo em prol de um objetivo que vai além da busca de satisfação profissional e acadêmica.
Mas, sendo um estudante de geografia com um olhar crítico e atento a aquilo que me cerca, não pude deixar de notar alguns detalhes no Bairro Estrela Verá, como as ruas não pavimentadas e as diversas casas de madeiras construída de forma precária ao redor do bairro. Além disso, também não pude deixar de notar a composição étnica das crianças (que em sua grande maioria andavam com roupas simples além de bastantes sujas e manchadas pelo barro da região), dos pais das crianças e das pessoas que moram no bairro, que são, em sua grande maioria, afrodescendentes.
O motivo de ressaltar estes detalhes percebidos é para chamar a atenção para a questão de desigualdade social e étnica existente na cidade, pois, se qualquer pessoa andar em bairro tidos como melhores “localizados” e mais “valorizados” (como os bairros próximos da UNIGRAN e da FADIR por exemplo) pode até encontrar afrodescendentes morando nestes lugares, mas com certeza não na mesma proporção e quantidade, fato bastante contraditório para um país constituído de 51% de afrodescentes. A ação social, por mais bonita e gratificante que seja, não muda de forma permanente a realidade das crianças que moram no Estrela Verá, logicamente, não posso deixar de ressaltar a alegria que as mesmas tiveram com esta ação social, alegria esta que foi verdadeira e autêntica, mas a pergunta a se fazer é, e depois deste dia? Qual perspectiva estas crianças terão para o futuro?  O que eles farão depois de completarem 18 anos? Os grupos Pet’s da UFGD enquanto pertencentes e vinculados a uma instituição pública não pode virar as costas para uma realidade que nos parece distante, mas que na verdade está próxima a nós dividindo o espaço na mesma cidade e demonstrando que há pessoas que não usufruem daquilo que a cidade tem a oferecer do mesmo modo que nós, estudantes, técnicos e professores, pois o direito à cidade destas pessoas é constantemente negado.
É nosso dever pensarmos conjuntamente em uma ação social que mude de forma profunda e verdadeira a vida destas pessoas e das crianças, pois é inadmissível que um país como o Brasil tenha pessoas que não tenham acesso a serviços tão essenciais como uma moradia de qualidade, negar qualquer tipo de ajuda que mude as condições de vida destas pessoas é não ser humano além de hipócrita.
De qualquer forma, agradeço a Professora Zefa do Pet Biologia por ter dado esta oportunidade ao Pet Geografia de realizarmos uma atividade tão gratificante como esta, além de demonstrar uma realidade que é desconhecida por muitos de nós do meio acadêmico e estudantil, choques de realidade como este demonstra o quanto é importante a discussão e combate à desigualdade social que é existente e ainda tão profunda na nossa sociedade, se manifestando em espaços desiguais e precários, nos quais as pessoas que não tem a capacidade de consumo e de compra desejada pelo mercado são mandadas para lugares distantes e afastados das áreas centrais e comerciais do município, sendo apartadas dos melhores lugares de Dourados que são reservados para aqueles que podem pagar o preço exigido pelo mercado, construindo por sua vez, espaços fragmentados e desiguais, com diferentes e gritantes realidades distintas só que conectadas pela mesma cidade que é Dourados.
Petiano: Anderson Aparecido  













     

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