Linguagens & Geografia



O que é essa tal Globalização? Qual sua relação com o mundo atual?
Thiago Batista Biscaya de Souza
Maio de 2021


    Para compreendermos o mundo atual precisamos entender os processos históricos que perpassaram no tempo, ou, como Milton Santos aborda em sua obra, sobre a questão do espaço geográfico: “O espaço é uma acumulação desigual de tempos” (Santos, 1986, p. 209). Nessa perspectiva dos desdobramentos históricos refletimos o que se resulta dessa acumulação e a própria desigualdade social do mundo hoje, “globalizado”.

    A charge elenca a temática “Globalização”, porém, a intencionalidade do cartunista “Moises” quanto à disposição no globo entre personagens e suas características, chamam muito a atenção. É impressionante como vários elementos podem ser visualizados e correlacionados ao processo da globalização, por meio de uma charge – compreende-la é compreender os acontecimentos do mundo atual.

    Milton Santos nos ajuda a compreender a charge. Na obra “Por uma Outra Globalização”, o autor fragmenta sua análise em três pontos: a Globalização como, fábula, perversidade e por uma outra globalização, nela está o significado da charge. Penso nela como uma das melhores referências para analisar essa charge devido aos elementos que o cartunista expõe, seus signos e significados.

    A FÁBULA – nos fazem ver um mundo como “eles” querem, discussão sobre a correlação da mídia e dos Grandes grupos Financeiros, Multinacionais, divulgando o consumo/desenvolvimento, a fala entre o personagem Norte Americano e o europeu, “Como é bom viver em um mundo Globalizado” ... “Yes”.

    A PERVERSIDADE, como o mundo realmente é, falta de acesso a bens sociais, moradia, fome, água, etc. O mundo repleto de desigualdade sociais, desmistificando os ideários da Globalização como Fábula, onde nos fazem ver e pensar que será tudo maravilhoso/lindo. Nessa perspectiva o cartunista faz a disposição dos personagens “Empregados” na posição geográfica do mapa (América Latina e na Ásia), representando a prestar serviços ao Europeu e Norte Americano.

    E POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO, onde como o mundo deve ser, a partir da charge podemos repensar a própria ideia de Globalização e com as críticas, desenvolver um novo olhar acerca de nosso contexto social atual, é claro, discutir Globalização é um tema amplo, entretanto, está presente em nosso cotidiano e nossas relações, basta, entender e filtrar melhor algumas informações, sabendo que a informação é um elemento de poder em uma sociedade do Século XXI.

    Uma questão posta: Como então pensarmos em um mundo globalizado diferente deste que é injusto e desigual?


Referências:

SANTOS, Milton. Por Uma Geografia Nova. São Paulo: Hucitec, 1986, 3ª edição, 236p.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. 174 p.

Fotografia e Geografia

Andressa Silva Hoffmann e Karinny Fabiano da Silva
23 de Abril de 2021

        A fotografia vai além de uma linguagem visual, através da mesma podemos fazer diversas análises com o olhar voltado tanto para a própria geografia como para as outras áreas de conhecimento. Hoje em dia é muito útil em diversas situações que envolvem as relações humanas, como por exemplo a venda de produtos, servem como provas criminais, são registros históricos. A fotografia tem um papel de extrema relevância para o ensino de Geografia, por ser uma ferramenta e recurso muito didático e palpável para a abordagem de certos temas com os alunos.

        Para entendermos melhor como essa forma de registro surgiu, e em qual contexto ela tomou forma, precisamos voltar no tempo histórico. Desde o período paleolítico (cerca de 10.000 A.C.), o “homem das cavernas” já registrava o cotidiano nas pedras, com as denominadas pinturas rupestres e disso podemos concluir que essa necessidade de registro visual das coisas e acontecimentos, acompanha a nossa espécie desde o início e, com o passar da história, essa necessidade de recordar as coisas foi ganhando cada vez mais espaço, e assim, novos recursos e novas descobertas foram se somando para aprimorar o modo como registramos.

        No ano de 1826, descobriu-se que era possível gravar a luz em uma superfície fotossensível, e assim a primeira fotografia, que levou cerca oito horas para ser capturada, foi feita. A fotografia então nasce e toma cada vez mais espaço, sendo considerada a forma de linguagem mais apta a registrar essa intensa modernização, desse modo de produção capitalista em que estamos inseridos. O olhar fotográfico já existia muito antes da fotografia ser descoberta mas, com o passar do tempo, ela se tornou cada vez mais necessária para as nossas relações. É através da fotografia que podemos também analisar o aumento da urbanização, da industrialização das cidades e, claro, com a exigência de representar o que está acontecendo em um curto espaço tempo. A fotografia é uma importante ferramenta para a comunicação, a divulgação das informações e a construção dos pensamentos hegemônicos nos dias atuais, principalmente em uma sociedade ocidental guiada pelas redes sociais por exemplo.

        Essa forma de linguagem é uma fermenta muito rica e podemos perceber isso principalmente quando a utilizamos dentro do âmbito educacional, onde a fotografia pode não apenas atuar como uma manifestação artística-cultural, mas como também pode ser um fator de análise dos espaços que vivenciamos, contribuindo de uma maneira muito significativa para as pesquisas, sendo uma das formas mais didáticas de comparar e acompanhar as alterações ocorridas nas diferentes paisagens. Ao utilizar a fotografia no processo de ensino-aprendizagem, temos a possibilidade de olhar o espaço geográfico para fora da sala de aula, expandir o pensamento para além dos lugares que já visitamos presencialmente. Essas representações imagéticas são muito relevantes para análise e crítica de fenômenos que ocorrem na nossa sociedade, se constituindo como elemento fundamental na formação do pensamento crítico dos estudantes e professores de Geografia.
       
        Por fim, é importante sempre ressaltar que o olhar geográfico deve servir para compreender a fotografia em sua totalidade, dentro do seu tempo, afinal essa linguagem é uma representação da realidade, pensada e articulada por indivíduos carregados de intencionalidades e vivências de um período histórico, são frutos de um meio e refletem isso nos seus registros e cabe a nós compreender esses processos. Afinal, um fragmento de realidade, capturado em um instante, um momento, não pode ser encarado como verdade absoluta e comprovação dos fatos, sem a possibilidade de análise e críticas. Sendo essa considerada a premissa de qualquer ciência, inclusive a Geográfica.
        
        Indicação: Link (https://www.tucavieira.com.br/paraisopolis) de uma das fotos mais comentadas nas aulas de Geografia, principalmente de Geografia Urbana, e também em outras ciências sociais, na contemporaneidade, pois abre brechas de análises e críticas de diversos aspectos sociais retratados na foto. O registro é do fotógrafo Tuca Vieira, que vem se destacando quando o assunto é retratar a realidade e as contradições do urbano no Brasil e no mundo.



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