Fahrenheit
451, de Ray Bradbury.
29 de Abril de 2021Ana Carla Barbosa Cardoso
Fahrenheit 451 é um livro de Ray Bradbury que foi publicado em 1953, é uma obra bastante conhecida pelo mundo junto com grandes obras que são referência em relação a distopias como, 1984 de George Orwell e Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley. Na obra de Ray Bradbury, ele conta a história de um futuro onde a função dos bombeiros não é apagar fogo e sim queimar livros e tudo aquilo que seja ligado a leitura. A literatura neste mundo é proibida e quem porta livros é considerado criminoso, a única fonte de conhecimento é através da televisão.
O personagem principal é Guy Montag, que adora seu trabalho como bombeiro, tem uma vida boa com sua esposa Mildred, no entanto, tudo muda ao conhecer Clarissa, uma adolescente de 16 anos. Essa jovem é diferente de outras pessoas porque não é alienada pelas TV’s. Clarissa passa seu dia admirando a paisagem e curtindo o ar livre, isso acaba intrigando Montag. Ele começa refletir sobre sua vida, como o seu casamento e trabalho, pensando se os livros são tão ruins assim mesmo.
Se analisarmos esta obra que é contada em um futuro, podemos ver as semelhanças com o mundo de hoje, que este cenário não está tão longe de nós, afinal uma parte da população está absorta pelas tecnologias que temos a nossa disposição. No entanto, mesmo havendo essa tecnologia que estará sempre presente em nossa vida e poderia nos trazer um mundo de possibilidades, estamos caminhando para o mesmo rumo que o livro Fahrenheit 451 nos alerta.
Em relação aos livros serem exterminados neste mundo, onde há uma cultura de combate ao pensamento crítico, a leitura acaba sendo uma ameaça a quem tem o poder de governar, afinal um povo com conhecimento seria um perigo para eles, seguindo esse raciocínio então se não há livros para as pessoas desenvolverem o conhecimento, não há ameaça. Hoje em dia vivemos onde há bastante informação mas, muitas vezes por preguiça ou por querer ver algo rápido, preferimos assistir filmes que foram baseados em livros, pequenos resumos que estão na internet e até resenhas no Youtube que, por ser mais rápido, acaba não tendo a experiência que a leitura traz. Os livros são mais ricos de informações e abrem espaço para mais análises críticas que os filmes, porque esses acabam não tendo tempo suficiente de recontar a história, repassar a ideia do livro e até mesmo de nos fazer pensar mais profundamente sobre uma determinada temática.
Um exemplo disso é o próprio filme que adaptaram em 1966 de Fahrenheit 451, sendo dirigido por François Truffaut, houve várias adaptações, mas a de François Truffaut é a mais reconhecida e fiel ao livro. Em partes é bom que se façam adaptações dos filmes, mas como aborda no livro essa temática das pessoas não lerem os livros e preferirem os filmes ou linguagens que sejam mais rápidas, acaba havendo menos pessoas com capacidade para o pensamento crítico. E, se observarmos, estamos caminhando para esta direção, o desinteresse pela leitura, a preferência das pessoas em serem informadas pela televisão, rádio, filmes e mídias sociais, sendo que os livros dispõem de conhecimentos que nos fazem pensar criticamente, possuem seu valor. É realmente perigoso sempre substituir uma obra original por algo resumido.
A obra de Ray Bradbury é muito enriquecedora, recomendo para quem gosta de distopias e, consequentemente, refletir o nosso mundo. Apesar de ser um livro antigo, dá para contextualizar e entender a mensagem do autor, que nos alerta para não seguirmos o mesmo caminho.
A imagem acima retrata a diferença do
conteúdo do livro para o filme, o tanto da história que se perde quando se faz
uma adaptação.
Referência Bibliográfica:Imagem do sebo museu do livro:
Biografia do autor e suas obras:
Fahrenheit 451, de Ray Bradbury.
29 de Abril de 2021Ana Carla Barbosa Cardoso
Fahrenheit 451 é um livro de Ray Bradbury que foi publicado em 1953, é uma obra bastante conhecida pelo mundo junto com grandes obras que são referência em relação a distopias como, 1984 de George Orwell e Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley. Na obra de Ray Bradbury, ele conta a história de um futuro onde a função dos bombeiros não é apagar fogo e sim queimar livros e tudo aquilo que seja ligado a leitura. A literatura neste mundo é proibida e quem porta livros é considerado criminoso, a única fonte de conhecimento é através da televisão.
O personagem principal é Guy Montag, que adora seu trabalho como bombeiro, tem uma vida boa com sua esposa Mildred, no entanto, tudo muda ao conhecer Clarissa, uma adolescente de 16 anos. Essa jovem é diferente de outras pessoas porque não é alienada pelas TV’s. Clarissa passa seu dia admirando a paisagem e curtindo o ar livre, isso acaba intrigando Montag. Ele começa refletir sobre sua vida, como o seu casamento e trabalho, pensando se os livros são tão ruins assim mesmo.
Se analisarmos esta obra que é contada em um futuro, podemos ver as semelhanças com o mundo de hoje, que este cenário não está tão longe de nós, afinal uma parte da população está absorta pelas tecnologias que temos a nossa disposição. No entanto, mesmo havendo essa tecnologia que estará sempre presente em nossa vida e poderia nos trazer um mundo de possibilidades, estamos caminhando para o mesmo rumo que o livro Fahrenheit 451 nos alerta.
Em relação aos livros serem exterminados neste mundo, onde há uma cultura de combate ao pensamento crítico, a leitura acaba sendo uma ameaça a quem tem o poder de governar, afinal um povo com conhecimento seria um perigo para eles, seguindo esse raciocínio então se não há livros para as pessoas desenvolverem o conhecimento, não há ameaça. Hoje em dia vivemos onde há bastante informação mas, muitas vezes por preguiça ou por querer ver algo rápido, preferimos assistir filmes que foram baseados em livros, pequenos resumos que estão na internet e até resenhas no Youtube que, por ser mais rápido, acaba não tendo a experiência que a leitura traz. Os livros são mais ricos de informações e abrem espaço para mais análises críticas que os filmes, porque esses acabam não tendo tempo suficiente de recontar a história, repassar a ideia do livro e até mesmo de nos fazer pensar mais profundamente sobre uma determinada temática.
Um exemplo disso é o próprio filme que adaptaram em 1966 de Fahrenheit 451, sendo dirigido por François Truffaut, houve várias adaptações, mas a de François Truffaut é a mais reconhecida e fiel ao livro. Em partes é bom que se façam adaptações dos filmes, mas como aborda no livro essa temática das pessoas não lerem os livros e preferirem os filmes ou linguagens que sejam mais rápidas, acaba havendo menos pessoas com capacidade para o pensamento crítico. E, se observarmos, estamos caminhando para esta direção, o desinteresse pela leitura, a preferência das pessoas em serem informadas pela televisão, rádio, filmes e mídias sociais, sendo que os livros dispõem de conhecimentos que nos fazem pensar criticamente, possuem seu valor. É realmente perigoso sempre substituir uma obra original por algo resumido.
A obra de Ray Bradbury é muito enriquecedora, recomendo para quem gosta de distopias e, consequentemente, refletir o nosso mundo. Apesar de ser um livro antigo, dá para contextualizar e entender a mensagem do autor, que nos alerta para não seguirmos o mesmo caminho.
A imagem acima retrata a diferença do conteúdo do livro para o filme, o tanto da história que se perde quando se faz uma adaptação.
1984 de George Orwell
LANGIN, Katie. Fake news spreads faster than true news on twitter-thanks to people, note bots. Disponível em: <https://www.sciencemag.org/news/2018/03/fake-news-spreads-faster-true-news-twitter-thanks-people-not-bots> Acesso em: 10 de Março de 2021.
https://www.ebiografia.com/george_orwell/
https://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=02241
Torto Arado
Itamar Vieira Junior é um escritor e
geógrafo brasileiro. Possui graduação e mestrado em Geografia, além de
doutorado em “Estudos Étnicos e Africanos pela Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas/Centro de Estudos Afro-Orientais”, na Universidade Federal da
Bahia. Também trabalha como “Analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária” (INCRA), no qual
desenvolve atualmente o “Serviço de Regularização de Territórios Quilombolas”.
Em 2018, o autor inscreveu sua obra
no concurso LeYa, com o qual foi laureado, obtendo a primeira publicação de
“Torto Arado”. No ano seguinte, sua obra seria publicada no Brasil, recebendo
em 2020 os prêmios Oceanos e Jabuti. Desde então, seu livro tem trilhado um
caminho de grande sucesso, tendo vendido mais de 70 mil cópias, figurando nas
listas de best-sellers. Mas afinal,
do que se trata “Torto Arado”, e qual sua importância para o contexto atual?
O livro possui uma divisão em três
partes, sendo: “Fio de Corte”, “Torto Arado” e “Rio de Sangue”. Narrado por
protagonistas femininas, a obra retrata a luta e resistência dos povos
tradicionais pela terra. No livro, acompanhamos uma comunidade na fazenda “Água
Negra”, situada no interior da Bahia, comunidade esta que descende de escravos
e no decorrer da obra se constitui como um Quilombo, que vive em um estado de
vulnerabilidade social, pois a situação de servidão era ainda vigente.
Ao longo da obra, o autor nos
apresenta em sua narrativa, o amadurecimento das personagens principais, as
irmãs Belonisia e Bibiana, que vão adquirindo consciência da situação em que
estão inseridas desde a questão histórica de sua descendência. A partir do
olhar das personagens, o leitor também entra em contato com as complexidades
que envolvem a comunidade.
Itamar nos apresenta uma obra de
extrema relevância para o contexto político atual. Nos últimos anos, não foram
poucas as vezes em que escutamos discursos ofensivos e preconceituosos sobre as
comunidades tradicionais, demonstrando que as discussões presentes no livro
estão longe de serem superadas.
Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley.
Escrito por Aldous Huxley em 1931, Admirável Novo Mundo apresenta aos leitores um cenário distópico onde instituições como família e igreja foram findadas e substituídas pela adoração ao Fordismo e todos os humanos civilizados são literalmente produzidos em fábricas para que cumpram física e mentalmente seu respectivo papel na sociedade. Esta certamente é uma obra que abre espaço para diversos e relevantes debates, tais como governos autoritários, tecnologia reprodutiva, manipulação psicológica e condicionamento clássico, mas gostaria de direcionar esta reflexão especificamente para o uso vicioso da soma feito pelas pessoas civilizadas do livro.
Numa
diferente abordagem, a busca pela soma também pode ser vista na crescente
procura por medicamentos, remédios florais, drogas licitas ou ilícitas feita
pelas pessoas atualmente, que buscam alivio de sentimentos indesejáveis. Não
nego a realidade: vivemos um momento atípico da história humana, com números
recordes de pessoas acometidas por doenças e transtornos psicológicos e que
realmente precisam de medicações, mas esse quadro não invalida o fato de que
muitas pessoas buscam de maneira viciosa diferentes tipos de soma, assim como
feito pelos personagens de Admirável Novo Mundo.
A
consequência desse movimento repetitivo é a mesma para os indivíduos da atualidade
quanto aos personagens do livro: ambos acabam por tornarem-se incapazes de
lidarem com emoções consideradas inconvenientes e dessa maneira viram reféns de
si mesmos, além de objetos mais fáceis de serem controlados em massa.
Devo ressaltar que
Admirável Novo Mundo não é uma obra que possa ser resumida a apenas uma
reflexão ou temática, pois esta é uma obra cativante, instigante e que mesmo
tendo oitenta e nove anos, não envelheceu e continua a fazer questionamentos
sobre temas atuais. Deixo aqui minha mais forte recomendação de leitura para
todos aqueles que estejam interessados em refletir sobre sua própria realidade.
O Clima seco o Tempo da fome no livro: O Quinze de Rachel de Queiroz
22 de Fevereiro de 2021Micael Petri Lima
Na obra “O Quinze” de Rachel
de Queiroz, a seca e as dificuldades enfrentadas pelos personagens por falta de
água estão presentes em quase todo livro. A história remete-se ao cenário da
grande seca de 1915, que levou o Ceará a estado de calamidade, e é nesse
contexto caótico que o romance entre a jovem professora Conceição e o sertanejo
Vicente acontece.
A trama se inicia com as experiências vividas por Conceição ao passar as férias na casa de sua avó “Mãe Nácia”, que fica no sertão de Quixandá, além do convívio com a família e moradores do local, ela também faz leituras de livros e observa as peculiares condições do clima, mergulhando em um universo de proximidade com as pessoas e suas formas de ver o mundo.
Dada as condições postas pela falta de chuva, Conceição questiona “– E nem chove, hein, Mãe Nácia? Já chegou o fim do mês [...] Nem por você fazer tanta novena [...] Dona Inácia levantou para o telhado os olhos confiantes: -Tenho fé que ainda chove! Tem-se visto Inverno começar até em abril.”. Mas a chuva não vem, condição da seca aponta caminhos dolorosos, como os tomados pela “Dona Maroca” dona de fazenda de gado, que já soltara o gado para que morresse de fome ou sede, demitindo seus funcionários, prevendo que a seca prolongará. Um dos vaqueiros que fora demitido é o Chico Bento, dependente do trabalho fica sem possibilidades de viver e sustentar sua família, lhe restando apenas a situação de retirante em busca da sobrevivência e de um futuro melhor.
Conceição convence a avó Dona Nácia a voltar com ela para sua casa na capital, por outro lado Vicente, que é filho de sertanejo e criador de gado, fica e decide lutar contra a falta de água e comida, fazendo de tudo para que a criação sobreviva, lutando contra o sol, fome, calor e a falta de Conceição. Logo compra os desapegos de Chico Bento, em troca de um burro de carga e uns trocados, para que ajudasse o retirante na viagem com a família.
Aqueles que estavam sob as
condições do clima seco avistavam “O céu, transparente que doía, vibrava,
tremendo feito uma gaze repuxada. [...] as pobres árvores apareciam lamentáveis,
mostrando os cotos dos galhos como membros amputados e a casca toda raspada em
grandes zonas brancas. [...] E o chão, que em outro tempo a sombra cobria, era
uma confusão desolada de galhos secos, cuja agressividade ainda mais se
acentuava pelos espinhos.”
A
viagem do retirante Chico Bento e sua família se inicia com a ida na cidade de
Quixandá em busca de passagem gratuitas disponibilizadas pelo governo para a
capital, porém não consegue e necessitam fazer a viagem a pé de Quixandá a
Fortaleza, pois não tem dinheiro suficiente para comprar bilhetes para todos, enfrentam
o cenário ressequido, aridez, fome e cansaço.
Diante
o contexto Chico Bento perde um de seus três filhos o Josias, por se alimentar
de raízes venenosas em busca de saciar a fome. Apresentando assim a face mais
cruel do tempo da fome, que faz com que as pessoas consumam carne estragada,
vísceras, raízes venenosas ou qualquer coisa que possa lhe saciar. “Lá se tinha
ficado o Josias, na sua cova à beira da estrada, com uma cruz de dois paus
amarrados, feita pelo pai. [...] Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de
fome [...]. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida, para cair
depois no mesmo buraco, à sombra da mesma cruz.”. Já em fortaleza Chico e o que
restou de sua família vive nas condições de retirantes locados no campo de
concentração do alagadiço, deixando de viver na condição de fome e morte no
sertão para viver a mesma na cidade.
Embora a história acabe com a volta da chuva e de dona inácia ao sertão de Quixandá, o romance não se perpetua por conta das diferenças de visão de mundo entre a estudada professora Conceição e o simples sertanejo Vicente em um final “quase feliz”, as histórias que se cruzam no romance viveram as mesmas condições do clima, porém não as mesmas do tempo.
O
que os livros “O mundo assombrado pelos demônios” e “Brasil: uma biografia”
pode ajudar a entender sobre a atual realidade do País?
Fontes: https://www.amazon.com.br/Brasil-Uma-Biografia-novo-p%C3%B3s-escrito/dp/853592566X
https://www.amazon.com.br/mundo-assombrado-pelos-dem%C3%B4nios-ci%C3%AAncia-ebook/dp/B00QVU93JM
Janeiro de 2021.Anderson Aparecido Santos da Silva
O livro escrito pelo Professor de
Astronomia e ciências espaciais da Cornell University, Carl Sagan é um
verdadeiro apelo para a importância da ciência no nosso dia-a-dia e como as
suas descobertas levaram ao avanço nas mais diversas áreas de nossas vidas como
na saúde e na vida urbana, além do avanço tecnológico no qual também trouxe
mudanças nas nossas relações pessoais e nas formas de que como vivemos. Já o
segundo livro escrito pela historiadora e antropóloga da Universidade de São
Paulo – USP Lilian M. Schwarcz e pela historiadora e professora da Universidade
Federal de Minas Gerais – UFMG Heloisa M. Starling trata o Brasil a partir da
perspectiva de sujeito trazendo um enorme apanhado da história de sua formação,
indo desde do período da colonização chegando até o período do Brasil,
terminando no conturbado período de 2012 – 2013.
Mas, o que estes dois livros têm haver com
o atual período em que o Brasil passa? Para iniciar o raciocínio é preciso
lembrar que desde do período de 2012 – 2013 há o surgimento de pessoas e grupos
com uma relevante influência na internet na qual procuram reescrever a história
do Brasil, criando séries na qual recontam diversos períodos da história do
país, um exemplo evidente disso é o canal “Brasil Paralelo”, um canal de
direita na qual produz diversas séries sobre diversos períodos do nosso país
apresentando autores na qual não possuem formação na área de história ou em
alguma área de humanidades, além de seguir uma metodologia de pesquisa que não segue
o rigor acadêmico exigido pelos cursos e pesquisadores da área de história.
Um professor no qual é tido como estrela
do canal “Brasil Paralelo” é o auto intitulado Filosofo Olavo de Carvalho, que
também tem canal de youtube e oferece cursos pagos de filosofia, sendo que,
Olavo de Carvalho, não tem curso de Graduação e/ou pós graduação na área de
filosofia, tendo somente a quarta série do ensino fundamental. Outro exemplo de
youtuber que fez vídeo sem ter o menor conhecimento na área em que falou é o
youtuber Felipe Castanhari, que já produziu vídeos sobre a Ditadura Militar no
Brasil, sobre o Nazismo e Fascismo sem ter nenhuma formação acadêmica na qual
desse base para abordar e discutir estes assuntos, sendo criticado por
especialista e pesquisadores da área por cometer erros de interpretação e
análise destes temas considerados grosseiros.
Analisando
estes breves exemplos, uma pergunta fica no ar, como o Brasil chegou ao ponto
de ter pessoas que produzem vídeos e/ou conteúdos sem ter o mínimo de formação
na área em que se propõem a discutir? Para esta análise é preciso ter como base
o livro de Carl Sagan, que tem, como pilar principal de sua obra a defesa do
ensino cientifico já no ensino básico, mesmo que seja de forma introdutória,
pois isto, além de demonstrar como a ciência foi e ainda é importante para o
avanço da humanidade e da sociedade como um todo nas mais variadas áreas,
demonstra também importância de se demonstrar a maneira como a ciência permeia
o nosso dia-a-dia, mesmo que não nos demos conta disso, despertando também a
curiosidade pela ciência nas crianças e nos jovens.
Este principio no qual acertadamente Carl
Sagan defende é um dos mais importantes para a democratização e popularização
da ciência para o grande público, e, além disso, as disciplinas de humanas como
história, geografia, filosofia e sociologia, mais do que nunca, precisam seguir
este princípio já no ensino básico, pelo fato de que, na atualidade,
erroneamente, muitas pessoas não enxergam estas áreas como ciência, tendo esta
impressão causada por causa da forma na qual estas disciplinas foram e ainda é
(infelizmente) em muitos casos, ainda ensinada a muitas pessoas no ensino
básico, sendo passada como algo para decorar datas e locais ou para citar
importantes pensadores sem um aprofundamento nas suas ideias, criando um tipo
de ensino extremamente apostilado e limitado.
Outro fator apontado por Carl Sagan em que
fica explicito no Brasil é que como este tipo de ensino, apostilado, que apenas
ensina fórmulas, datas e locais para serem decorados tornam as pessoas mais
suscetíveis a acreditar em ideias e conceitos ensinados de forma errada, fazendo
até mesmo, muitas de pessoas, acreditar em teorias da conspiração na qual não
tem nenhum tipo de prova e/ou fundamento concreto que lhe sustente, explicando
o porque de canais como “Brasil Paralelo” e pessoas como “Olavo de Carvalho”
consigam espaço nestas novas mídias, ensinando muitas pessoas de maneira errada
e sem nenhum tipo de fundamento e metodologia cientifica.
Essa realidade no ensino básico também
abriu precedente para se questionar, em um primeiro momento, o ensino e
pesquisa nas áreas de humanas, criando a teoria absurda de “doutrinação”,
principalmente no ensino em história, pelo fato de muitas pesquisas e livros
escritos como o citado no texto se utilizar de fontes históricas confiáveis
como documentos e registros raros além de uma metodologia cientifica rígida
exigida não só pela história como pelo meio acadêmico. O principal motivo do
ataque as ciências humanas e, principalmente a história, se dá por causa do
discurso defendido por estes grupos e pessoas se baseia na ideia de um Brasil
que seria grande economicamente caso não fosse o surgimento da república,
defendendo também, a ideia de que a colonização foi benéfica para a nossa
formação, e que “esquerda” Brasileira pretende destruir esta grandeza e
distorcer a nossa história.
Já historiadores e historiadoras como
Lilian M. Schwarcz Heloisa M. Starling conseguem demonstrar por meio da
pesquisa e de fonte históricas mais do que confiáveis de que o Brasil,
principalmente no período da colônia foi criada na base da escravidão,
violência e preconceito, fatores estes que se estenderam no país por mais de
400 anos, criando ideias racistas nas quais se estenderam até mesmo no interior
da ciência Brasileira entre o período da queda da monarquia e a república velha.
Esse fator é importante ser destacado para entender o ataque perpetrado por
estes grupos a ciências humanas e principalmente, as instituições de ensino
superior e de pesquisa no qual abrigam estes cursos.
Estes fatores, em um segundo momento, se
estendem para toda a ciência, fazendo surgir no seio da nossa sociedade grupos
que acreditam e divulgam em teorias absurdas como a teoria da terra plana,
grupos anti-vacinas e o criacionismo como teoria cientifica irrefutável,
colocando a teoria evolucionista de Charles Darwin como algo errado e sem
sentido, sendo que, a teoria de Darwin foi rebatida e colocada como algo errado
em rede Nacional no Brasil por meio de uma reportagem realizada pelo Jornal da
Record no dia 11 de janeiro de 2021 para divulgar uma série que iria estrear
nesta emissora sobre o livro bíblico de gênesis chamando pesquisadores e
professores para falar do plano de “Deus” embutido na criação do Universo, três
pesquisadores são chamados para explicar debater este assunto, e, destes três
pesquisadores, um não tem currículo lattes ou algo parecido, outro apesar de
ter graduação mestrado e doutorado, o seu último artigo produzido e publicado
em uma revista cientifica de renome data de 1994 e o terceiro apesar de ter um
currículo e lattes e uma vida acadêmica ativa também é pastor adventista.
Em uma sociedade aonde o ensino e a
popularização da ciência e da linguagem cientifica fica restrito a apenas uma
pequena parcela da população sendo geralmente, a parcela que corresponde as
classes mais altas da nossa sociedade, cria um ambiente aonde igrejas
evangélicas com ideias reacionárias, grupos de extrema direita e falsos
filósofos e professores. Isso também acontece por conta da nossa gritante
desigualdade social, que é algo presente desde do período colonial, sendo algo
intrínseco a nossa história como muito bem demonstra a Lilian M. Schwarcz
Heloisa M. Starling na sua obra.
De maneira geral, fica mais do que claro
que uma sociedade aonde a desigualdade social impera e que o ensino critico,
cientifico e de qualidade fica restrito somente a parcelas mais abastadas da
sociedade acaba privilegiando, em contrapartida a formação de uma sociedade
excludente, racista, violenta, machista e misógina, sociedades aonde uma
educação pública e de qualidade não é priorizada abre caminho para que a religião utilizada de
forma errada seja usada para benefício próprio de determinados grupos,
misturando religião e politica e impedindo o debate de temas progressistas na
nossa sociedade como o direito reprodutivo das mulheres e o aborto, levando a
abordagem destes temas a uma perspectiva moralista e baseada em uma leitura errada
e distorcida da bíblia.
A falta de educação que seja inclusiva e
que desperte a curiosidade pela ciência por parte dos seus alunos também é o
grande responsável pela eleição de pessoas que tem uma leitura distorcida de
sociedade, na qual beiram a barbárie deixando a sua população jogada a própria
sorte, espalhando mentiras e teorias sem o menor fundamento cientifico, caso
que pode explicito com o presidente da república Brasileira Jair Messias
Bolsonaro, no qual, apoiado por uma base ideológica extremamente fiel, foi
contra qualquer tipo de medida de contenção do coronavírus como o isolamento
social e o uso de máscaras em locais públicos além de incentivar o uso de
remédios sem a menor eficácia comprovada cientificamente contra o coronavírus
como a Cloroquina e a Ivermectina, sem contar a sua campanha contra a vacina
incentivando grupos de anti-vacinas no Brasil dizendo que as vacinas produzidas
poderiam mudar o DNA do ser humano, podendo transforma – lo em um jacaré, algo
que chega a ser hilário e trágico ao mesmo tempo de tão absurdo e estapafúrdio
que é esse tipo de afirmação.
Se
vivêssemos em uma sociedade aonde a educação cientifica e uma educação pública,
inclusiva e de que qualidade fossem prioridades, certamente não teríamos que
ver e ouvir falas absurdas ou, ter que ver pessoas que não possuem um histórico
acadêmico confiável questionando e colocando em xeque teorias cientificas
comprovadas e estabelecidas em nome de uma crença pessoal. Para se reverte este
quadro é preciso se dar o primeiro passo, que é investir uma educação, pública,
gratuita e de qualidade e que promova a alfabetização científica bem como a sua
popularização, deixando de lado também o ensino apostilado e baseando apenas em
se decorar “coisas” para se apoiar em ensino ligado com a realidade dos seus
alunos, sendo também critico, incentivando o debate e questionamento, para a
criação de uma sociedade mais justa e igualitária, passando também pelo
investimento na educação superior e na pesquisa, pois é por meio dela que
encontramos as respostas para os problemas concretos que permeiam a nossa
sociedade. Sem sombra dúvida a ciência pode contribuir e muito para uma
sociedade não só mais justa como também mais alegre, diversa e menos violenta,
aonde os preconceitos e ideias absurdas não tem nem espaço e nem lugar.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
SCHWARCZ, Lilian; STARLING, Heloisa. Brasil:
Uma Biografia. 2. ed. São Paulo: Companhia das letras, 2015. 709 p. ISBN
978-85--359-2566-1.
SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos
demônios. 1. ed. São Paulo: Companhia das letras, 2006. 509 p.
Fontes: https://www.amazon.com.br/Brasil-Uma-Biografia-novo-p%C3%B3s-escrito/dp/853592566X
https://www.amazon.com.br/mundo-assombrado-pelos-dem%C3%B4nios-ci%C3%AAncia-ebook/dp/B00QVU93JM
O livro escrito pelo Professor de
Astronomia e ciências espaciais da Cornell University, Carl Sagan é um
verdadeiro apelo para a importância da ciência no nosso dia-a-dia e como as
suas descobertas levaram ao avanço nas mais diversas áreas de nossas vidas como
na saúde e na vida urbana, além do avanço tecnológico no qual também trouxe
mudanças nas nossas relações pessoais e nas formas de que como vivemos. Já o
segundo livro escrito pela historiadora e antropóloga da Universidade de São
Paulo – USP Lilian M. Schwarcz e pela historiadora e professora da Universidade
Federal de Minas Gerais – UFMG Heloisa M. Starling trata o Brasil a partir da
perspectiva de sujeito trazendo um enorme apanhado da história de sua formação,
indo desde do período da colonização chegando até o período do Brasil,
terminando no conturbado período de 2012 – 2013.
Mas, o que estes dois livros têm haver com
o atual período em que o Brasil passa? Para iniciar o raciocínio é preciso
lembrar que desde do período de 2012 – 2013 há o surgimento de pessoas e grupos
com uma relevante influência na internet na qual procuram reescrever a história
do Brasil, criando séries na qual recontam diversos períodos da história do
país, um exemplo evidente disso é o canal “Brasil Paralelo”, um canal de
direita na qual produz diversas séries sobre diversos períodos do nosso país
apresentando autores na qual não possuem formação na área de história ou em
alguma área de humanidades, além de seguir uma metodologia de pesquisa que não segue
o rigor acadêmico exigido pelos cursos e pesquisadores da área de história.
Um professor no qual é tido como estrela
do canal “Brasil Paralelo” é o auto intitulado Filosofo Olavo de Carvalho, que
também tem canal de youtube e oferece cursos pagos de filosofia, sendo que,
Olavo de Carvalho, não tem curso de Graduação e/ou pós graduação na área de
filosofia, tendo somente a quarta série do ensino fundamental. Outro exemplo de
youtuber que fez vídeo sem ter o menor conhecimento na área em que falou é o
youtuber Felipe Castanhari, que já produziu vídeos sobre a Ditadura Militar no
Brasil, sobre o Nazismo e Fascismo sem ter nenhuma formação acadêmica na qual
desse base para abordar e discutir estes assuntos, sendo criticado por
especialista e pesquisadores da área por cometer erros de interpretação e
análise destes temas considerados grosseiros.
Analisando
estes breves exemplos, uma pergunta fica no ar, como o Brasil chegou ao ponto
de ter pessoas que produzem vídeos e/ou conteúdos sem ter o mínimo de formação
na área em que se propõem a discutir? Para esta análise é preciso ter como base
o livro de Carl Sagan, que tem, como pilar principal de sua obra a defesa do
ensino cientifico já no ensino básico, mesmo que seja de forma introdutória,
pois isto, além de demonstrar como a ciência foi e ainda é importante para o
avanço da humanidade e da sociedade como um todo nas mais variadas áreas,
demonstra também importância de se demonstrar a maneira como a ciência permeia
o nosso dia-a-dia, mesmo que não nos demos conta disso, despertando também a
curiosidade pela ciência nas crianças e nos jovens.
Este principio no qual acertadamente Carl
Sagan defende é um dos mais importantes para a democratização e popularização
da ciência para o grande público, e, além disso, as disciplinas de humanas como
história, geografia, filosofia e sociologia, mais do que nunca, precisam seguir
este princípio já no ensino básico, pelo fato de que, na atualidade,
erroneamente, muitas pessoas não enxergam estas áreas como ciência, tendo esta
impressão causada por causa da forma na qual estas disciplinas foram e ainda é
(infelizmente) em muitos casos, ainda ensinada a muitas pessoas no ensino
básico, sendo passada como algo para decorar datas e locais ou para citar
importantes pensadores sem um aprofundamento nas suas ideias, criando um tipo
de ensino extremamente apostilado e limitado.
Outro fator apontado por Carl Sagan em que
fica explicito no Brasil é que como este tipo de ensino, apostilado, que apenas
ensina fórmulas, datas e locais para serem decorados tornam as pessoas mais
suscetíveis a acreditar em ideias e conceitos ensinados de forma errada, fazendo
até mesmo, muitas de pessoas, acreditar em teorias da conspiração na qual não
tem nenhum tipo de prova e/ou fundamento concreto que lhe sustente, explicando
o porque de canais como “Brasil Paralelo” e pessoas como “Olavo de Carvalho”
consigam espaço nestas novas mídias, ensinando muitas pessoas de maneira errada
e sem nenhum tipo de fundamento e metodologia cientifica.
Essa realidade no ensino básico também
abriu precedente para se questionar, em um primeiro momento, o ensino e
pesquisa nas áreas de humanas, criando a teoria absurda de “doutrinação”,
principalmente no ensino em história, pelo fato de muitas pesquisas e livros
escritos como o citado no texto se utilizar de fontes históricas confiáveis
como documentos e registros raros além de uma metodologia cientifica rígida
exigida não só pela história como pelo meio acadêmico. O principal motivo do
ataque as ciências humanas e, principalmente a história, se dá por causa do
discurso defendido por estes grupos e pessoas se baseia na ideia de um Brasil
que seria grande economicamente caso não fosse o surgimento da república,
defendendo também, a ideia de que a colonização foi benéfica para a nossa
formação, e que “esquerda” Brasileira pretende destruir esta grandeza e
distorcer a nossa história.
Já historiadores e historiadoras como
Lilian M. Schwarcz Heloisa M. Starling conseguem demonstrar por meio da
pesquisa e de fonte históricas mais do que confiáveis de que o Brasil,
principalmente no período da colônia foi criada na base da escravidão,
violência e preconceito, fatores estes que se estenderam no país por mais de
400 anos, criando ideias racistas nas quais se estenderam até mesmo no interior
da ciência Brasileira entre o período da queda da monarquia e a república velha.
Esse fator é importante ser destacado para entender o ataque perpetrado por
estes grupos a ciências humanas e principalmente, as instituições de ensino
superior e de pesquisa no qual abrigam estes cursos.
Estes fatores, em um segundo momento, se
estendem para toda a ciência, fazendo surgir no seio da nossa sociedade grupos
que acreditam e divulgam em teorias absurdas como a teoria da terra plana,
grupos anti-vacinas e o criacionismo como teoria cientifica irrefutável,
colocando a teoria evolucionista de Charles Darwin como algo errado e sem
sentido, sendo que, a teoria de Darwin foi rebatida e colocada como algo errado
em rede Nacional no Brasil por meio de uma reportagem realizada pelo Jornal da
Record no dia 11 de janeiro de 2021 para divulgar uma série que iria estrear
nesta emissora sobre o livro bíblico de gênesis chamando pesquisadores e
professores para falar do plano de “Deus” embutido na criação do Universo, três
pesquisadores são chamados para explicar debater este assunto, e, destes três
pesquisadores, um não tem currículo lattes ou algo parecido, outro apesar de
ter graduação mestrado e doutorado, o seu último artigo produzido e publicado
em uma revista cientifica de renome data de 1994 e o terceiro apesar de ter um
currículo e lattes e uma vida acadêmica ativa também é pastor adventista.
Em uma sociedade aonde o ensino e a
popularização da ciência e da linguagem cientifica fica restrito a apenas uma
pequena parcela da população sendo geralmente, a parcela que corresponde as
classes mais altas da nossa sociedade, cria um ambiente aonde igrejas
evangélicas com ideias reacionárias, grupos de extrema direita e falsos
filósofos e professores. Isso também acontece por conta da nossa gritante
desigualdade social, que é algo presente desde do período colonial, sendo algo
intrínseco a nossa história como muito bem demonstra a Lilian M. Schwarcz
Heloisa M. Starling na sua obra.
De maneira geral, fica mais do que claro
que uma sociedade aonde a desigualdade social impera e que o ensino critico,
cientifico e de qualidade fica restrito somente a parcelas mais abastadas da
sociedade acaba privilegiando, em contrapartida a formação de uma sociedade
excludente, racista, violenta, machista e misógina, sociedades aonde uma
educação pública e de qualidade não é priorizada abre caminho para que a religião utilizada de
forma errada seja usada para benefício próprio de determinados grupos,
misturando religião e politica e impedindo o debate de temas progressistas na
nossa sociedade como o direito reprodutivo das mulheres e o aborto, levando a
abordagem destes temas a uma perspectiva moralista e baseada em uma leitura errada
e distorcida da bíblia.
A falta de educação que seja inclusiva e
que desperte a curiosidade pela ciência por parte dos seus alunos também é o
grande responsável pela eleição de pessoas que tem uma leitura distorcida de
sociedade, na qual beiram a barbárie deixando a sua população jogada a própria
sorte, espalhando mentiras e teorias sem o menor fundamento cientifico, caso
que pode explicito com o presidente da república Brasileira Jair Messias
Bolsonaro, no qual, apoiado por uma base ideológica extremamente fiel, foi
contra qualquer tipo de medida de contenção do coronavírus como o isolamento
social e o uso de máscaras em locais públicos além de incentivar o uso de
remédios sem a menor eficácia comprovada cientificamente contra o coronavírus
como a Cloroquina e a Ivermectina, sem contar a sua campanha contra a vacina
incentivando grupos de anti-vacinas no Brasil dizendo que as vacinas produzidas
poderiam mudar o DNA do ser humano, podendo transforma – lo em um jacaré, algo
que chega a ser hilário e trágico ao mesmo tempo de tão absurdo e estapafúrdio
que é esse tipo de afirmação.
Se vivêssemos em uma sociedade aonde a educação cientifica e uma educação pública, inclusiva e de que qualidade fossem prioridades, certamente não teríamos que ver e ouvir falas absurdas ou, ter que ver pessoas que não possuem um histórico acadêmico confiável questionando e colocando em xeque teorias cientificas comprovadas e estabelecidas em nome de uma crença pessoal. Para se reverte este quadro é preciso se dar o primeiro passo, que é investir uma educação, pública, gratuita e de qualidade e que promova a alfabetização científica bem como a sua popularização, deixando de lado também o ensino apostilado e baseando apenas em se decorar “coisas” para se apoiar em ensino ligado com a realidade dos seus alunos, sendo também critico, incentivando o debate e questionamento, para a criação de uma sociedade mais justa e igualitária, passando também pelo investimento na educação superior e na pesquisa, pois é por meio dela que encontramos as respostas para os problemas concretos que permeiam a nossa sociedade. Sem sombra dúvida a ciência pode contribuir e muito para uma sociedade não só mais justa como também mais alegre, diversa e menos violenta, aonde os preconceitos e ideias absurdas não tem nem espaço e nem lugar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SCHWARCZ, Lilian; STARLING, Heloisa. Brasil: Uma Biografia. 2. ed. São Paulo: Companhia das letras, 2015. 709 p. ISBN 978-85--359-2566-1.
SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios. 1. ed. São Paulo: Companhia das letras, 2006. 509 p.
A importância dos estudos em climatologia urbana
10 de Dezembro de 2020.Micael Petri Lima Soares
É inegável que as transformações da natureza feitas pelo homem se estabelecem de forma mais tênue no meio urbano, alterando as condições das camadas locais da superfície atmosférica que, por consequência, podem apresentar valores de temperatura, pluviosidade e poluição que expõem a população a piora da saúde e qualidade de vida. O Clima Urbano enquanto campo de estudos é resultado deste problema ambiental, tais condições são sentidas de forma desigual pelos moradores das cidades, isto posto, os estudos em clima urbano possuem um papel essencial na compreensão dos processos e na busca por minimizar os impactos deste sistema na vida da população urbana.
Os primeiros registros das preocupações com o clima urbano se deram na metade do século XVII, com John Evelyn em Londres na obra Fumifugium- (1661), preocupado com a alta poluição do ar causada pela queima de carvão, deu o primeiro passo para outros pesquisadores que vieram em seguida, e é inegável que os estudos do clima são anteriores aos estudos de Evelyn porém, antes não eram direcionados ao urbano. Discutindo esta perspectiva de climas do meio urbano se destacaram Luke Howard-The Climate of London (1883), Tony Chandler - The Climate of London (1965), Tim R. Oke –Boundary Layer Climates (1978), Helmut Erich Landsberg –Urban Climate (1981) e no Brasil com Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro – Teoria e Clima Urbano (1976).
A pesquisa em clima urbano tem crescentemente despertado interesse dos pesquisadores, com o intuito de produzir meios de prevenir ou até transformar suas características, seja nas análises Físico-Químico, Hidrometeórico e Termodinâmico. Na geografia brasileira, as pesquisas sobre o clima urbano possuem como um dos aspectos centrais o impacto social das condições expostas pelo Sistema Clima Urbano (SCU), isto transparece na maioria dos trabalhos atuais da área.
Três obras, três livros são importantes e devem ser conhecidos, são referências para aqueles que pesquisam o Clima Urbano.
Dadas as condições do aumento da temperatura global e sua repercussão no clima das cidades, torna a busca por transformar (manejar, planejar e modificar) o mesoclima e/ou clima local, uma das preocupações mais importantes na adequação das cidades para seus moradores, pois, sabe-se que as consequências do SCU são, de certa forma, seletivas aos que os tem/ou não a possiblidade de modifica-la. As pesquisas da climatologia geográfica têm criado possibilidades mais igualitárias de manejo do clima urbano, consequentemente participando da construção de uma cidade mais agradável aos seus habitantes.
Referências
MONTEIRO, C. A. de F. Teoria e clima urbano. Série “Tese e
Monografias nº 25” São Paulo: IGEOG/USP, 1975. P. 160-177.
MONTEIRO, C. A. de F. Teoria
e clima urbano, um projecto e seus caminhos. In C. A. MONTEIRO e F. MENDONÇA – Clima urbano. Editora Contexto, São
Paulo: 9-67.
OKE, T.; MILLS, G.;
CHRISTEN, A.; VOOGT, J. Urban Climates. Cambridge: Cambridge University Press,
2017.
RAMPAZZO, Camila R. Clima urbano, risco climático e vulnerabilidade socioespacial mediados pela produção do espaço urbano em cidades paulistas (São Carlos, Marília e Presidente Prudente). FCT/UNESP. (Tese de Doutorado) 2019., p. 90.
O que há de semelhante entre "O ensaio sobre a cegueira" e o "Dilema das Redes".
08 de Dezembro de 2020Ednilson de Souza Ceobaniuc Araújo.
A partir de duas linguagens sendo elas, escrita vinda por parte do livro
“O ensaio sobre a cegueira” escrito por José Saramago (publicado em 1995) e a
visual sendo o documentário “Dilema das Redes” dirigido por Jeff Orlowski e
escrito por Orlowski, Davis Coombe e Vickie Curtis, lançado em setembro de 2020
pela Netflix, o que há de semelhante?
O ensaio sobre a cegueira perpassa em uma situação de pandemia com uma doença
transmissível diferenciada, sendo uma cegueira branca. Sem local ou personagens
nomeados, Saramago traz diversas situações lamentáveis e dramáticas em seu
livro. Entende-se que é passado a triste situação em que os seres humanos vivem
quando passam pela cegueira, a luta pela sobrevivência custe o que custar e a
falta da humanidade em meio a cegueira. Já o documentário “Dilema das Redes”
traz uma realidade atual do mundo a partir da grande influência da tecnologia
na vida das pessoas.
As
redes sociais são ricamente tratadas no documentário, assim como a presença dos
criadores ou envolvidos nas construção e elaboração das diversas redes sociais,
juntamente com a realidade dos fatos e verdades, por trás de todas as redes. Trazem
uma discussão sobre a pequenez das pessoas por trás da tecnologia artificial,
além de como grandes empresas conseguem, por meio das redes sociais,
influenciar diretamente a vida das pessoas, logo, da sociedade por inteiro. A
semelhança trazida nas duas obras se clareia quando pensamos sobre as atitudes
dos seres humanos, o que as pessoas fazem para sua sobrevivência e o que as
pessoas estão dispostas a fazer para conseguirem alavancar sua reputação nas
redes sociais.
Podemos
comparar a cegueira branca escrita por Saramago com as telas brancas dos
celulares e computadores, tão facilmente encontrado nas mãos das pessoas do
mundo inteiro. Com isso, podemos analisar a rapidez com que a cegueira branca, descrita
por Saramago, foi transmitida entre as pessoas, assim como a tecnologia entrou
na vida da população mundial contemporânea. Entende-se que as duas obras, uma
escrita em 1995 e outra tão recente, do ano de 2020, podem transpassar suas
ideias sobre o ser humano, sobre os comportamentos das pessoas e suas ações
quando não enxergam a realidade humana, seja por uma pandemia fictícia ou por
conta da alienação causada pelas redes sociais.
“A Invenção da Natureza: a vida e as descobertas de Alexander Von Humboldt, de Andrea Wulf”
10 de outubro de 2020Anderson Aparecido Santos da Silva
O
livro A invenção da Natureza, conta a história de um dos maiores geógrafos e
cientistas que já viveu na Alemanha durante os séculos XVIII e XIX, Alexander
Von Humboldt, Geógrafo, Botânico, Naturalista e até mesmo Ecologista além de
crítico ferrenho da escravidão que assolava o continente Americano neste
período e dos governos Autoritários que também assolavam a Europa naquela
época.
Alexander
Von Humboldt nasceu em 14 de setembro de 1769, no seio de uma família
aristocrática pertencente a alta sociedade da antiga Prússia, durante a sua
infância teve a melhor educação no qual uma família da alta sociedade Prussiana
poderia dar, sendo ensinado por grandes professores e filósofos iluministas no
qual inculcaram no pequeno Humboldt o amor pela ciência e pelas artes, além da
sua visão humanista que mais tardem o fizeram se impor contra a escravidão e a
desigualdade social causada pela mesma. Aos quatorze Anos estudou Filosofia,
História e Ciências Naturais nas Universidades de Frankfurt e de Gottingen.
Na
sua Juventude, trabalhou como Geólogo nas áreas de mineração pertencentes ao
Reino da Prússia, lá Humboldt já iniciava os seus estudos em Ciências Naturais,
enxergando já naquela época a Natureza de forma integrada e complexa, sendo um
dos percursores da Visão Sistêmica tão presente hoje na Geografia. Em 1794
Humboldt conheceu Johann Wolfgang von Goethe, que naquela época já era
conhecido como o maior escritor e poeta Prussiano, e, ao conhecer Humboldt os
dois unem duas áreas que até então parecia ser impossível de se unir, a arte
com ciência, usando a pintura para retratar e descrever a Natureza, além disso,
tanto Humboldt como Goethe acreditavam e defendiam a ideia que além da Razão
também era preciso sentir a Natureza, Razão e emoção para os dois era algo que
devia andar junto para se entender a complexidade que é a Natureza. Humboldt e
Goethe depois de 1794 se tornaram grandes amigos, trocando diversas
correspondências ao longo de suas vidas, além dos dois serem fãs declarados um
do outro.
Em
1796, a mãe de Alexander Von Humboldt morre, deixando uma fortuna para ele e
seu irmão Willheim. Aos 27 anos, Alexander Von Humboldt se sentia livre para
forjar o seu próprio destino e começou a planejar aquilo que era o maior sonho
de sua vida, fazer uma longa viagem para o novo mundo. Humboldt começa a pensar
para qual lugar iria viajar, entre tratativas, negociações e contatos com
outros cientistas, Humboldt consegue em 1799 uma permissão Real do Governo
Espanhol para entrar nas colônias da América do Sul, sendo acordado que o
próprio Humboldt arcaria com os custos de sua viagem.
Em
julho de 1799 Humboldt já estava preparado para viajar para um mundo totalmente
desconhecido para boa parte do Europeus, conhecendo os territórios
correspondentes hoje ao México, Cuba, Colômbia, Peru, Equador e Venezuela, além
de ter feito uma parada durante o percurso de volta para casa nos Estados da
Filadélfia e Washington nos Estados Unidos da América. Unindo Arte e ciência,
Razão e emoção, Humboldt descreve um mundo verdadeiramente fantástico,
descrevendo de forma magnifica toda a riqueza paisagísticas destes locais, bem
como a diversidade de plantas, animais existente, outro fator que foi
revolucionário em suas viagens foi relacionar os problemas ambientais
existentes nestes locais com a forma de uso e apropriação dada pelos colonos,
destacando a desigualdade social causada pelo horror da escravidão, sendo o seu
mais ferrenho crítico, Humboldt também fez diversas denúncias acerca da forma
de tratamento dava as suas colônias na América Latina, denunciando, além da
escravidão, Humboldt denunciou a desigualdade social engendrada nestas
sociedades na qual o Governo Espanhol da época fazia questão de manter.
Durante
a sua viagem pela América Latina, Humboldt também cruzou os Andes e escalou o que era considerado a Montanha mais
alta do Mundo, o Chimborazo, fazendo uma descrição precisa das diversas plantas
encontradas nas diferentes altitudes, além
de realizar descrições e desenhos extremamente precisos sobre plantas,
animais e aspectos paisagísticos, relacionando aos aspectos de clima, altitude,
geologia, geomorfologia e pedologia de maneira integrada e interdependente durante
todo o seu percurso.
Depois
de cinco anos de viagem pela América Latina Humboldt decide voltar para a
Europa, sendo que no meio do percurso da viagem de volta ele decide fazer uma
parada em Washington e na Filadélfia para conhecer os EUA, lá conheceu aquele
que teria sido um dos seus maiores fãs durante a sua juventude, que foi Thomas
Jefferson, logo de cara, Thomas Jefferson e Alexander Von Humboldt
estabeleceram uma grande amizade, debatendo sobre os mais diversos assuntos
além de informar o político Norte Americano sobre a América Latina, passando
uma rica descrição do continente Latino Americano para Thomas Jefferson.
Apesar
da grande amizade estabelecida entre os dois, Humboldt e Jefferson discordavam
ferozmente sobre um determinado assunto, a escravidão, pois, enquanto Humboldt
era um ferrenho crítico da escravidão, defendendo que todos os seres humanos
independente da sua origem étnica e cor de pele, todos eram iguais e não
deveriam ser tratados de forma tão cruel e injusta, enquanto Jefferson defendia
a escravidão além de defender o absurdo de que os negros eram inferiores aos
Brancos Europeus, justificando a escravidão, mesmo assim, apesar desta
divergência Humboldt manteve uma boa relação de amizade com Thomaz Jefferson
durante a sua curta estadia nos EUA.
 |
| Imagem 2: Humboldt e Bompland na América Latina |
No
final de junho de 1804, Humboldt finalmente desembarca na Europa, mais
especificamente, ele desembarca na França, as vésperas de completar 35 anos,
trazendo na sua bagagem de viagem um total de 6 espécies de plantas, das quais
2 mil eram desconhecidas, além de trazer uma rica descrição dos povos Nativos
americanos bem como dos aspectos paisagísticos e ambientais observados por ele
durante a sua viagem na América Latina. Humboldt passa um tempo em Paris para organizar
as suas ideias com intuito de escrever os seus livros, sendo que ele sempre
dividia este tempo de moradia entre Berlim, sua terra Natal com Paris na
França, na qual Humboldt demonstrava sem nenhum remorso de gostar estar mais na
França do que em Berlim. Isso acontecia pelo fato de Humboldt ter pego um
período em que França respirava Arte, cultura e ciência, por Reunir os maiores
Museus, Universidades e centros de Pesquisa da Europa naquele período, sem
contar as ruas da França do século XIX que também eram apinhadas de gente,
dividindo espaço com músicos e artistas das mais diversas vertentes, tornando a
França, uma das maiores Metrópoles da Europa do século XIX.
Humboldt
nesse período manteve um ritmo frenético de produção, dormindo e comendo pouco,
a ponto de preocupar amigos e familiares, mesmo ele não se importando muito com
isso. Ao longo de toda a sua vida, Alexander Von Humboldt produziu diversos
livros que se tornaram referencias para grandes cientistas que viriam a
posteriori tanto na Europa como também nos EUA, entre as suas obras não podemos
deixar de citar o livro “Ensaio sobre a Geografia das Plantas (1805)” uma das
suas primeiras obras que vieram a se tornar referência por conta dele usar o
seu famoso conceito de Naturgemalde usado para explicar como a distribuição dos
diferentes tipos de plantas ao redor do mundo estava diretamente ligado as
diferentes características climáticas, geológicas, pedológicas e topográficas,
sendo, segundo Humboldt, fatores interdependentes e interligados.
 |
| Imagem 3: Distribuição das plantas de Chimborazo |
Após
a publicação desta obra outra duas obras vão deixa – lo extremamente famoso em
toda Europa e América do Norte e Latina sendo eles: Vista das cordilheiras e
monumentos dos povos indígenas da América (1810); Exame crítico da história da
geografia do Novo Continente (1814-1834); Atlas Geográfico e Físico do Reino da
Nova Espanha (1811); Ensaio político
sobre o reino da Nova Espanha (1811) e Narrativa pessoal (1811), no qual narra
as suas viagens pela América Latina. As suas obras vão inspirar pessoas com os
mais diversos objetivos e finalidades indo de revolucionários como Simon
Bolívar, que utilizou as suas obras para engradecer a América Latina e assim
incentivar a libertação do seu pevo do Julgo Espanhol (Humboldt conheceu Simon
Bolívar Ainda Jovem, quando o mesmo passava uma estadia em Paris no ano de
1804). Humboldt também influenciou grandes pensadores Norte Americanos e
Europeus como: Henr David Thoreau; George Perkins Marsh; Ernest Haeckel e John
Muir.
Mas
a obra que iria consagrar a sua visão integrada e complexa da Natureza seria a
obra intitulada “Kosmos” sendo publicado em 4 volumes entre os anos de 1845ª
1851. Esta obra foi resultado de suas longas pesquisas na América Latina e de
uma viagem que ele fez com 60 de uma ponta a Outra da Rússia, juntando diversos
dados ao longo de sua vida que o ajudariam a explicitar a sua visão complexa de
Mundo o tornando – o uma sumidade na Europa.
O
Livro Narrativa pessoal (1811), foi a grande Inspiração de Charles Darwin para
a sua viagem ao redor do Mundo no HMS Beagle enquanto o livro “Ensaio sobre a
Geografia das Plantas (1805)” serviu de ponto de Partida para a sua obra prima,
a “Origem das Espécies”, sendo que o próprio Charles Darwin era um fã confesso
de Humboldt, tanto que chegou a conhece – lo pessoalmente em 1838, sendo que
Darwin, antes desse encontro escrevera diversas cartas para Humboldt e o mesmo
o correspondia além de ser apoiado e divulgado pelo seu fã.
Ao longo de toda a sua, Alexander Von Humboldt em vida também apoiou diversos jovens pesquisadores, apoiado – os inclusive financeiramente, mesmo não tendo muitas condições financeiras, os seus livros ao longo do século XIX foram traduzidos em mais diversas línguas, empregando também diversos profissionais como tradutores, cartógrafos e artistas, por conta das suas obras possuírem desenhos artísticos considerados até hoje fantástico e impressionantes por conta da sua beleza visual e detalhes extremamente minuciosos. Humboldt morreu em Berlim no ano de 1859 aos 89 anos, a sua morte foi sentida de tal forma que a mesma foi divulgada no Mundo todo, sendo noticiada nos EUA, na América Latina, América Central e até mesmo na África do Sul. Mesmo depois da sua morte, a suas obras ultrapassaram o tempo, influenciando não só pensadores do século XIX como também do século XX, é inegável dizer que mesmo as suas obras serem difíceis de serem achadas, sendo algumas até mesmo consideradas raras, como Ensaio sobre a Geografia das Plantas é inegável que a sua contribuição para a Geologia, Geografia, Biologia, Botânica e até mesmo para a climatologia, o seu legado transpassa a linha do tempo, não sendo um exagero dizer que Humboldt vive através de seu legado.
 |
| Imagem 4: Estrutura e funcionamento de um vulcão descrita por Humboldt |
Leitura de “Ensaio sobre a cegueira” de José Saramago.
07 de Outubro de 2020Ednilson de Souza Ceobaniuc Araújo.
“Ensaio sobre a cegueira” é um livro de romance escrito pelo português José Saramago em 1995, uma narrativa que se passa em um lugar na qual não é nomeado, em meio a uma pandemia de cegueira branca, nunca vista antes. Onde as personagens principais não são chamadas por seus nomes, mas sim por características pessoais e pelas profissões as quais exercem. Durante a leitura de “Ensaio sobre a cegueira”, interpretando a obra e fazendo um vínculo com a realidade vivida, me chamaram a atenção duas situações, uma posta pelo autor e que transpassa toda a obra, e a outra situação foi notada após uma análise da conjuntura atual, Brasil, ano de 2020, fazendo uma aproximação com o livro. Elas devem ter total relevância e atenção nesse texto.
A
primeira é a omissão da realidade dos
personagens, presentes quando pensamos o porquê o Médico teme que alguns
vizinhos cheguem perto dele, ao estar sentado na escada, e assim descubram que
ele se acometeu da cegueira, ou quando entra no táxi e tem o mesmo medo, de que
o taxista saiba a situação em que ele se encontra, mesma situação é a da
rapariga dos óculos escuros escondendo a sua conjuntivite, a do ladrão
escondendo que roubou o carro do primeiro cego ou mesmo da personagem principal
ao esconder que é a única dentro do manicômio, de quarentena, que enxerga. Ao
observar essas relações de poder presentes no livro, onde não se deixa
transparecer o problema enfrentado, seja por vergonha, por medo, insegurança e,
a partir daí também dá para se fazer a crítica ao que nos está posto como o certo
e o errado, quais são os sistemas que ditam a moral, o que é correto, o que é
bom.
A segunda
situação a ser enfatizada é que, ler “Ensaio sobre a cegueira”, em meio a
pandemia COVID-19 que vivenciamos, é transformador. Várias situações que o autor
coloca em sua narrativa, mesmo que figurativa, podemos relacionar com a
realidade pandêmica atual, e a que mais chama minha atenção é a falta de humanidade das pessoas em
momentos de crise. A luta pela sobrevivência a qualquer custo, a falta de organização
política, econômica, até mesmo pessoal por instabilidade emocional, a falta de
esperança de alguns personagens e o caos, tudo isso está presente no livro e reflete
a realidade.
Ensaio
sobre a cegueira permite pensamentos sobre a realidade enfrentada pelas
pessoas, pelas minorias, é a humanidade pensada a partir da falta de
organização ou em meio a crises e pânico. Após ler esse livro de Saramago, que
em vários momentos nos choca e nos deixa perplexos, reflito se o autor,
simplesmente em uma narrativa incrível e bem escrita, não descreveu a infeliz
realidade da humanidade, cada vez mais dividida e individualizada, de todos os
dias.
03 de agosto de 2020
Eveline Caldeira Vasconcellos e Karinny Fabiano da Silva
23 de março de 2020
Anderson Luiz Rodrigues de
Oliveira
Excelente análise. Vou ler a obra!
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