sexta-feira, 28 de maio de 2021

Geografia da diferença vontade de saber e fazer

 


No dia 29 de abril de 2021, o PETGeografia participou da aula inaugural do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFGD. Na ocasião, o PET auxiliou na transmissão que ocorreu em nosso canal do Youtube da aula com o tema “Geografia da diferença: vontade de saber e fazer”, ministrada pelo Prof. Dr. Antonio Augusto Rossotto Ioris da Cardiff University (País de Gales, Reino Unido).

            Ao iniciar sua fala, o professor Ioris faz um comentário sobre um profundo sentimento de mal-estar e de urgência na sociedade atual, provocado principalmente pela aceleração da globalização e financeirização da economia. Sentimento esse, que conforme apontado pelo professor, não é exclusivo do Brasil. Nesse sentido, o professor nos apresenta como provocação a seguinte pergunta:

“Como compreender a realidade como uma totalidade concreta?”.

            O professor Ioris é bastante feliz ao ilustrar essa ideia a partir da fotografia de uma estátua do grande escritor Tcheco Franz Kafka, que produziu em suas obras importantes alegorias do século XX, sobretudo, por apresentar em sua literatura personagens “jogados” em sistemas complexos, sendo acometidos por situações “absurdas” das quais não conseguem escapar e tampouco compreender. Nesse sentido, ilustrando e traduzindo, a partir da linguagem literária, esse sentimento de mal-estar da sociedade atual.

Franz Kafka/ František Kafka

É nesse mundo em que a realidade parece “não fazer mais sentido”, uma realidade extremamente complexa, mas que se apresenta de maneira fragmentada; é nesse mundo que a Geografia apresenta sua importância na tentativa de responder aos questionamentos e de compreender a totalidade dessa realidade complexa.

            Nesse sentido, o professor apresenta a importância da Filosofia Hegeliana e a importância de sua incorporação pela Geografia na tentativa de dar conta da complexidade da realidade. Da mesma maneira que a Filosofia apresenta importantes contribuições à Geografia, também o faz a Literatura a partir de sua dimensão geográfica. E o professor Ioris cita obras como O tempo e o vento, Terras do Sem-Fim, Grande Sertão: Veredas e A Bagaceira, que se constituem como importantes obras da literatura para se compreender o Brasil.   


    A partir disso, as discussões avançam bastante, com o professor trazendo diversos apontamentos sobre o contexto político atual que se vivencia não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, além de apontar para contribuições importantes que a ciência geográfica produzida na Europa pode oferecer. Por fim, traz importantes críticas ao modelo de agronegócio brasileiro e o Genocídio praticado com as comunidades indígenas Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul.

Encerro aqui de modo a não detalhar, propositalmente, as importantes discussões apresentadas para fazer um convite para que assista a aula apresentada pelo professor Ioris no canal do PET-Geografia, no Youtube.   

Link para a aula inaugural:

DISPONÍVEL  AQUI


PETiano: Anderson Luiz Rodrigues de Oliveira 


quarta-feira, 26 de maio de 2021

RETABLO "A linguagem fílmica, olhares sobre o mundo e sobre si mesmo.


    No dia 19 de abril, o PETGeografia em conjunto com o PETLetras, desenvolveu uma atividade integrada com a participação da convidada Professora Drª Flaviana Gasparotti Nunes, na qual foi trabalhado o filme Retablo, sob o qual foram feitas análises, reflexões e discussões diante a temática da obra.

    A obra de 2019, dirigida por Álvaro Delgado Aparicio, retrata os conflitos entre o conservadorismo/machismo e as discussões de gênero, no contexto de uma sociedade tradicionalmente religiosa em uma comunidade no Peru.

    Os retábulos são painéis de madeiras com pequenas esculturas, as quais podem representar um momento importante como um retrato, ou apresentar signos religiosos comumente cristãos. No filme os retábulos possuem uma grande representatividade cultural, como também trazem significados simbólicos do sentimento do artista, assim sendo permeando a própria estética do filme.

    O drama é centrado nas vivências de um jovem, o personagem Segundo (Junior Bejar), filho de Noé (Amiel Cayo), seu aprendiz na construção de retábulos. Ao longo da trama, o filho Segundo descobre a homossexualidade do pai, passando a compreender o contexto violento em que está inserido ao mesmo tempo em que sofre com o mesmo.

    O artista Noé, tem um grande prestígio em sua comunidade, sendo considerado um mestre na construção de retábulos, profissão pela qual inicialmente é respeitado. Após ter sua sexualidade descoberta pela comunidade, passa a sofrer com a violência física e verbal. Além disso, sua profissão de artista passa a ser desrespeitada por ser considerada “menos masculina” dentro do contexto de machismo e opressão que fundamentam a comunidade.

    As intrínsecas provocações presentes no filme, nos fazem pensar até onde o conservadorismo e a perspectiva da masculinidade pode compor um cenário de repressão às particularidades dos sujeitos. Isto posto, o filme não se limita em ampliar a visão nessa comunidade no interior do Peru, expandindo as reflexões sobre a intolerância de gênero em nossa sociedade.






PETianos: Micael Petri Lima Soares, Anderson Aparecido Santos da Silva, Thiago Batista Biscaya de Souza






 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

"PERSÉPOLIS" e a Linguagem fílmica.


           O PET Geografia realizou no dia 18 de março de 2021 uma atividade interna para assistir e debater o filme de animação francês Persépolis. Baseado na HQ autobiográfica de mesmo nome, o longa acompanha a vida de Marjane Satrapi desde sua infância até sua vida adulta e através da vida dela, são expostas consequências das mudanças políticas no Irã sobre a população.

           O filme expõe as mudanças políticas sociais do Irã de maneira a serem entendidas para além de processos históricos, ele mostra a sociedade iraniana despida dos preconceitos estrangeiros e como esta foi mudando com os novos regimes impostos no país. No começo do longa, nota-se que a família da pequena Marjane é muito ativa politicamente já que se envolve nos movimentos socialista e comunista antes da Revolução Iraniana acontecer, e assim como seus familiares, Marjane se interessa muito por política.

        E é seguindo os conflitos e questionamentos de Marjane na infância e adolescência, marcadas pelo aumento constante da repressão civil, a queda do Xá, o começo do regime Ruhollah Khomeini e os primeiros anos da guerra entre Irã e Iraque que o filme se desenvolve de modo comovente e cheio do humor ácido da personagem principal até sua partida do Irã com destino a Áustria onde tem que lidar com alguns de seus maiores desafios até então retornar para seu país como uma mulher adulta.

        Na discussão entre os membros do PET Geografia foram destacadas, dentre outras coisas, como a obra aborda questões como migração, família, afetividade, liberdade civil, opressão feminina e nos apresenta a sociedade iraniana de um diferente ângulo. O longa também nos mostra o quão radicalmente a população do Irã foi posta sob novos moldes, como discursos que flertaram com o autoritarismo podem rapidamente chegar ao poder e como a luta pela democracia deve ser constante em nossas falas e ações.

PETiana: Júlia Soares