segunda-feira, 11 de abril de 2016

O filme: Que horas ela Volta? , foi exibido no dia 28 de março pelo Projeto Cinema: Linguagens e Olhares Geográficos.

No dia 28 de março o grupo PET Geografia, exibiu no projeto Cinema: Linguagens e Olhares Geográficos, o filme Que Horas Ela Volta? (2015). A atividade, ofertada a toda a comunidade acadêmica, contou com a presença de alunos do projeto PIBID ( Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), do grupo PET Geografia e do professor Dr. Jones Dari, que possui graduação em História pela Universidade Federal de Mato Grosso e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e atualmente atua como professor na Universidade Federal da Grande Dourados.
O professor conduziu, após a sessão, uma discussão acerca do filme e sua temática social, exposta por meio da linguagem do cinema.
O filme, conta a história de Val (Regina Casé) uma nordestina que vai para São Paulo para trabalhar e deixa a filha em Pernambuco. Anos depois sua filha, Jéssica (Camila Márdila) vai á São Paulo também, para prestar vestibular e fica um período na casa dos patrões de Val, onde a doméstica mora. A chegada de Jéssca provoca tensões e questionamentos quanto a maneira que a empregada é tratada. Lançado em 2015, dirigido por Anna Muylaer, o filme foi indicado para o festival de Berlin e exibido no festiva norte americano, Sundance, onde as protagonistas Regina Casé e Camila Márdila, ganharam o prêmio na categoria atuação, que foi dividido pelas duas. Infelizmente o filme teve pouca visibilidade no Brasil.
No filme podemos observar que Val e Jéssica fazem o mesmo caminho em busca de uma vida melhor, ambas enxergam que esta, pode ser alcançada em uma cidade, considerada um centro de oportunidades, São Paulo, mas com perspectivas e oportunidades diferentes. Uma vai para trabalhar, de ônibus, enquanto que, a outra pra estudar e esta ,vai de avião. 
Estas perspectivas configuram seus respectivos comportamentos. Val, a mãe que vai trabalhar em São Paulo, não questiona padrões de poder exercidos sobre ela, tão pouco acha tal comportamento incoerente, ela vive no seu espaço. Espaço este, que é dentro da casa dos patrões, mas não é o mesmo em que eles vivem. Ela ocupa os espaços do serviço que lhe fora atribuído e não compartilha as demais áreas como a piscina, mesa de jantar, as suítes, entre outros. Jéssica, a filha que vai para prestar vestibular, de uma universidade muito concorrida, percorre um caminho diferente. Questiona os padrões naturalizados na casa onde a mãe trabalha. Se vê de fato como um ser humano igual aos patrões e assim age, sem se prender as barreiras sociais em que a mãe vive. Ela senta na mesa de jantar, entra na piscina, dorme no quanto de hóspedes, entre outras situações. 
Jéssica é o ponto de inflexão na história. Ela questiona, enxerga as relações de modo diferente. E é isto que a faz incomodar tanto, a patroa, Barbara (Karine Teles), que estava afeita com a condição de tratamento da empregada.
Jéssica é a inflexão, é o que altera os valores. Mas o ponto de transgressão, da mãe, Val.
Que ao final da trama, se desvincula dos patrões de anos, passa a enxergar, de forma intrínseca, algo incoerente na relação social em que vivia.
Podemos observar no filme, as territorialidades da casa, o pertencimento dos objetos, separados por uma visão hierarquizada pela condição social de cada personagem e o questionamento sobre este contexto.
E neste contexto, pode-se ver o emponderamento da classe trabalhadora, que busca ocupar espaços de direito a qualquer pessoa, que antes se restringiam apenas, aos detentores de capital. Jéssica ocupa o aeroporto, a universidade e isso é só uma parte, que o filme retrata.
Atualmente, com o ampliamento de politicas publicas que visam o desenvolvimento social, vislumbramos milhares de "Jéssicas" pelo Brasil.

Esta é uma reflexão que surge, da exibição e discussão, da produção independente, “Que Horas Ela Volta?”. Agradecemos a todos que participaram e proporcionaram um debate valioso a partir do filme, principalmente ao professor Dr. Jones Dari, que sempre participa dos eventos do grupo Pet Geografia. 






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