No dia 28 de março o grupo PET Geografia, exibiu no projeto
Cinema: Linguagens e Olhares Geográficos, o filme Que Horas Ela Volta? (2015).
A atividade, ofertada a toda a comunidade acadêmica, contou com a presença de
alunos do projeto PIBID ( Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência), do grupo PET Geografia e do professor Dr. Jones Dari, que possui
graduação em História pela Universidade Federal de Mato Grosso e doutorado em
Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e atualmente atua como professor na Universidade Federal da Grande Dourados.
O professor conduziu, após a sessão, uma discussão acerca do
filme e sua temática social, exposta por meio da linguagem do cinema.
O filme, conta a história de Val (Regina Casé) uma nordestina
que vai para São Paulo para trabalhar e deixa a filha em Pernambuco.
Anos depois sua filha, Jéssica (Camila
Márdila) vai á São Paulo também, para prestar vestibular e fica um período na
casa dos patrões de Val, onde a doméstica mora. A chegada de Jéssca provoca tensões
e questionamentos quanto a maneira que a empregada é tratada. Lançado em 2015,
dirigido por Anna Muylaer, o
filme foi indicado para o festival de Berlin e exibido no festiva norte
americano, Sundance, onde as protagonistas Regina Casé e Camila Márdila,
ganharam o prêmio na categoria atuação, que foi dividido pelas duas.
Infelizmente o filme teve pouca visibilidade no Brasil.
No filme podemos
observar que Val e Jéssica fazem o mesmo caminho em busca de uma vida melhor,
ambas enxergam que esta, pode ser alcançada em uma cidade, considerada um centro
de oportunidades, São Paulo, mas com perspectivas e oportunidades diferentes.
Uma vai para trabalhar, de ônibus, enquanto que, a outra pra estudar e esta
,vai de avião.
Estas perspectivas
configuram seus respectivos comportamentos. Val, a mãe que vai trabalhar em São
Paulo, não questiona padrões de poder exercidos sobre ela, tão pouco acha tal
comportamento incoerente, ela vive no seu espaço. Espaço este, que é dentro da
casa dos patrões, mas não é o mesmo em que eles vivem. Ela ocupa os espaços do
serviço que lhe fora atribuído e não compartilha as demais áreas como a
piscina, mesa de jantar, as suítes, entre outros. Jéssica, a filha que vai para
prestar vestibular, de uma universidade muito concorrida, percorre um caminho
diferente. Questiona os padrões naturalizados na casa onde a mãe trabalha. Se
vê de fato como um ser humano igual aos patrões e assim age, sem se prender as
barreiras sociais em que a mãe vive. Ela senta na mesa de jantar, entra na
piscina, dorme no quanto de hóspedes, entre outras situações.
Jéssica é o ponto de inflexão na história. Ela questiona, enxerga as relações de modo diferente. E é isto que a faz incomodar tanto, a patroa, Barbara (Karine Teles), que estava afeita com a condição de tratamento da empregada.
Jéssica é o ponto de inflexão na história. Ela questiona, enxerga as relações de modo diferente. E é isto que a faz incomodar tanto, a patroa, Barbara (Karine Teles), que estava afeita com a condição de tratamento da empregada.
Jéssica é a inflexão, é
o que altera os valores. Mas o ponto de transgressão, da mãe, Val.
Que ao final da trama,
se desvincula dos patrões de anos, passa a enxergar, de forma intrínseca, algo
incoerente na relação social em que vivia.
Podemos observar no filme,
as territorialidades da casa, o pertencimento dos objetos, separados por uma
visão hierarquizada pela condição social de cada personagem e o questionamento
sobre este contexto.
E neste contexto,
pode-se ver o emponderamento da classe trabalhadora, que busca ocupar espaços
de direito a qualquer pessoa, que antes se restringiam apenas, aos detentores
de capital. Jéssica ocupa o aeroporto, a universidade e isso é só uma parte,
que o filme retrata.
Atualmente, com o
ampliamento de politicas publicas que visam o desenvolvimento social,
vislumbramos milhares de "Jéssicas" pelo Brasil.
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