terça-feira, 14 de maio de 2019

A Linguagem Fílmica Na Geografia

No dia 09 de abril de 2019, o PET-GEOGRAFIA (UFGD) realizou o colóquio “A linguagem fílmica na geografia”, ministrado pela aluna doutoranda Midiane Scarabeli Alves Coelho da Silva, que é orientada pelo Prof. Dr. Jones Dari Goettert. Com a proposta de tratar sobre textos e debater sobre temas de filmes e imagens, discutimos sobre a espacialidade presente nos filmes, enquanto materialidade e narrativa, compreendendo que essa é uma realidade na qual se constitui (ganha existência) a partir do momento em que se assiste às cenas.
O diálogo discorreu também, sobre a maneira como o cinema retrata as mazelas sociais, preparando quem assiste para o massacre da vida real, que já acontece e que está por vir, como se os filmes anestesiassem e fizessem conformar com a realidade (im)posta. Para Ivana Bentes, uma das autoras utilizadas para embasar a pesquisa de Midiane, a linguagem do cinema deve servir para reflexão de possíveis soluções de demandas da sociedade, sejam elas quais forem.
Além desse ensaio, nos apresentou alguns planos de enquadramento de filmagem. Entre eles o Grande Plano Geral, onde se reconhece nitidamente a intenção de se retratar os espaços fílmicos. Enquanto o Plano Geral dá a ideia de lugar, de identidade (cultural, econômica, etc) impressa na imagem. Em seguida, o Plano Geral Aberto, que reproduz o espaço da ação dos atores envolvidos na narrativa (sempre mais de um personagem é retratado) e tem a intenção de dar profundidade à cena. Já o Plano Geral Fechado, demonstra a relação de apenas um ator com o espaço cênico.
Quando a cena é filmada enquadrando a personagem do joelho para cima, estamos diante de um Plano Americano. O Plano Médio é feito com a câmera a uma distância média, onde o objeto ou ator/atriz são evidenciados, mas ainda há espaço para ser mostrado, constituindo a cena. Sempre que a filmagem é feita da cintura acima, se classifica o plano de Próximo ou Primeiro Plano. Existe também uma diferença entre o já citado Plano Geral Fechado e o Plano de Conjunto Fechado. Sendo esse último constituído por uma imagem de poucos elementos aparentes ao fundo e, no máximo, duas personagens, enquanto o Plano de Conjunto Aberto pode ser composto por três personagens, ou mais, com mais elementos aparentes ao fundo da cena. Para elucidar o enquadramento de filmagem Close, Midiane indicou o filme Psicose, do diretor Hitchcock. Mais especificamente, a cena da personagem sendo esfaqueada enquanto toma banho.



E exemplificando o Super Close, a indicação foi do filme O Iluminado, de Stanley Kubrick, onde a personagem principal quebra uma porta com um machado. Retrado nessa cena clássica, o Super Close tem a intenção de enquadrar simetricamente e destacar a expressão facial do ator/da atriz, direcionando o olhar do expectador para o centro da cena. 



Mais um enquadramento que se destaca, o Close Up, tem foco no corte da cena em partes do corpo do ator/da atriz. A referência à esse tipo de filmagem, pode ser vista no filme Laranja Mecânica, onde se discorre uma cena de aplicação da Técnica de Ludovico, que consiste em forçar a personagem a assistir determinadas cenas de agressão, em um vídeo, para condicionamento psicológico. Nesse momento, o Close Up se dá através do foco da cena nos olhos da personagem, mantidos abertos por um aparelho oftálmico.



Com relação à perspectiva do olhar, o Plano Plongée, que também é conhecido como Câmera Alta, situa o expectador como se estivesse em uma posição mais acima do objeto filmado. Já o Plano Contra Plongée é o contrário, nessa projeção, o expectador fica em uma posição de inferioridade, como se o objeto filmado fosse maior ou superior do que quem assiste à cena. E por fim, Midiane destacou o Enquadramento Holandês onde, durante a filmagem, a câmera fica inclinada, despertando no expectador uma sensação de incômodo, desconforto ou de que algo de ruim está para acontecer. Para demonstrar esse tipo de cena, assistimos ao curta-metragem Falve, enquadrado como sendo do gênero drama, dirigido por Jérémy Comte e lançado em janeiro de 2018. 
  
Considero que, diante de diálogos como esse, nos permitimos condicionar a maneira de olhar para as relações que acontecem nos espaços fora da ficção, aprendendo a correlacionar temas diversos com o cotidiano. E a partir daí, fazer uma análise mais crítica e criteriosa (geográfica) daquilo que assistimos, lemos e ouvimos, assim contribuindo para nossa formação enquanto indivíduos sociais ativos.




                                                                                            PETiana: Andressa Silva Hoffmann

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