Na
tarde do dia 29 de outubro de 2019, foi realizado um colóquio como
resultado do “Projeto: A imagem, o som, seus contextos e
significados”, desenvolvido ao longo do ano pelo PET – GEOGRAFIA.
O projeto tem a ideia de “geografar o som”, que consiste em ouvir
e ler letras de músicas (brasileiras) e significar os contextos
encontrados, através de uma análise geográfica feita pelos
integrantes do Programa. Para esse colóquio foram selecionadas três
músicas, sendo elas: Diário de um detento – Racionais MC’s;
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro – O Rappa; Legalize
já – Planet Hemp. Convidamos a Prof. Dra. Flaviana Nunes, o Prof.
Dr. Mario Teixeira de Sá Junior e o Prof. Dr. Matheus de Carvalho
Hernandez para um diálogo sobre as músicas em questão e o contexto
da vulnerabilidade social, das violências, do racismo.
Discutir
direitos humanos têm
como premissa entender que essa categoria de direitos básicos é
(deveria ser) assegurada a todos os seres humanos, não fazendo
distinção de classe social, gênero, orientação sexual,
nacionalidade, religião, cultura, profissão ou qualquer outra
característica que possa colocar desigualdades entre os indivíduos.
O senso comum define Direitos Humanos como uma espécie de entidade
que dá suporte a algumas pessoas ou que é uma invenção para
proteger alguns tipos de pessoas, como o discurso falacioso que
“Direitos Humanos só protegem os bandidos”. Por esse motivo,
dialogar o tema vinculado ao contexto da vulnerabilidade dos
indivíduos é de extrema importância.
A
conversa abrangeu o processo criminoso de encarceramento em massa de
pessoas pobres e, em sua esmagadora maioria, pretas. As falas de
ambos os professores, se basearam em dados de sites oficiais do
Governo Brasileiro, como o Infopen por exemplo. Para se pensar (e é
essa a função do colóquio) essa realidade, no país, hoje, a
população carcerária é de mais de 820 mil pessoas. E ainda, 41%
dessas pessoas ainda não foram julgadas nem em primeira instância.
E é na cadeia onde mais se faltam Direitos Humanos, onde estão os
indivíduos que carregam na cor da pele e na condição social, o
estigma dos corpos que são “torturáveis”. Onde a cadeia serve
de punição severa e mortal antes mesmo do julgamento, em
vez de reintegrar esses
indivíduos no meio social.
Esse
é o exercício do pensamento geográfico crítico, buscar
compreender os sujeitos e suas ações como parte de um contexto, de
onde derivam outras tantas problemáticas para além do que se nota.
Acredito que, em tempos onde a negação do diálogo impera, espaços
como esse da atividade são a maneira de resistência mais objetiva,
onde se compartilham experiências, trazendo assuntos para o diálogo
e, como consequência, fomentando a democracia.
PETiana: Andressa Silva Hoffmann
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