Com uma nova proposta o núcleo de Cinema do PETGeografia
se juntou com as turmas do curso para que mais acadêmicos pudessem assistir aos
filmes e ainda conseguirem um certificado com umas horinhas para ajuda-los, e
também para quem quisesse assistir e participar das discussões. A nossa
primeira proposta de filme foi: “Eu, Daniel Blake” para a aula de Geografia
Econômica com a Professora Lisandra.
Do premiado diretor Ken Loach, o
filme ganhou uma Palma de Ouro em Cannes - 2016. O filme retrata a história de
Daniel Blake que por causa de um infarto não pode trabalhar mais, com isso se
vê a mercê do governo, precisando de um auxílio-doença para continuar
sobrevivendo. Numa de suas idas ao departamento governamental conhece Katie,
com dois filhos e sem dinheiro algum tenta recomeçar em Newcastle. Para
entendermos melhor o contexto, a politica do Reino Unido sofreu com o ideário liberal de que o
mercado é capaz de se autorregular, servindo a sociedade melhor que o Estado Margaret Thatcher adotou medidas que ajudaram a Inglaterra a se recuperar após
a crise dos anos 70, mas que abriram precedentes para um desemprego massivo,
atingindo um dos maiores índices da história, aumentando a desigualdade social.
O filme além de ser uma grande crítica
ao sistema previdenciário da Inglaterra nos emociona, uma vez que começamos
perceber que é uma história entre milhares e não só na Inglaterra. A maior
dificuldade de Daniel é com a tecnologia imposta a ele, já que é o único meio
pelo qual ele pode conseguir o que precisa. Com isso vemos um sistema falho e feito
para não cooperar, que não olha para os seres humanos que necessitam desse
acesso, pois a maioria dos formulários são online, ou por chamadas
automatizadas, isso tudo apesar do atestado médico desaconselhando o trabalho. No
meio disso encontra Katie e seus filhos, uma mãe solteira em busca de emprego,
ele se solidariza com ela começando uma amizade sincera no meio de todo aquele
individualismo. Dan é um analfabeto digital, mesmo tentando fazer um curso de
informática o que ajudaria a conseguir pelo menos enviar currículos pela
internet, não o ajuda em nada, deixando ele ainda mais sem esperanças, e em um
ato de desespero ele decide pichar o prédio do Departamento do
Trabalho e picha: “Eu,
Daniel Blake. Não sou um cachorro. Exijo meus direitos”. Claro que com esse ato
ele acaba indo parar na delegacia. Outra cena bem marcante
é quando Katie, em um centro de distribuição de alimentos gratuitos abre uma
lata de alimento enlatado por não aguentar mais de fome.
A discussão entre a turma foi
proveitosa, deu pra notar a indignação de todos com esse sistema que tenta
culpar os indivíduos de sua pobreza, além da invisibilidade que a população
pobre têm para a sociedade. Igualmente como os funcionários dessas empresas
terceirizadas, tratam o próximo com tanta frieza e falta de humanidade. Não há
como não se sensibilizar com as situações expostas no filme, deixando uma
grande reflexão sobre como esse sistema suga as pessoas e tira pouco a pouco
sua resistência.
PETiana: Mirlla Casimiro
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