quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Cinema: Linguagens e Olhares Geográficos Sobre o Mundo. Filme: Eu, Daniel Blake.

Com uma nova proposta o núcleo de Cinema do PETGeografia se juntou com as turmas do curso para que mais acadêmicos pudessem assistir aos filmes e ainda conseguirem um certificado com umas horinhas para ajuda-los, e também para quem quisesse assistir e participar das discussões. A nossa primeira proposta de filme foi: “Eu, Daniel Blake” para a aula de Geografia Econômica com a Professora Lisandra.

Do premiado diretor Ken Loach, o filme ganhou uma Palma de Ouro em Cannes - 2016. O filme retrata a história de Daniel Blake que por causa de um infarto não pode trabalhar mais, com isso se vê a mercê do governo, precisando de um auxílio-doença para continuar sobrevivendo. Numa de suas idas ao departamento governamental conhece Katie, com dois filhos e sem dinheiro algum tenta recomeçar em Newcastle. Para entendermos melhor o contexto, a politica do Reino Unido sofreu com o ideário liberal de que o mercado é capaz de se autorregular, servindo a sociedade melhor que o Estado Margaret Thatcher adotou medidas que ajudaram a Inglaterra a se recuperar após a crise dos anos 70, mas que abriram precedentes para um desemprego massivo, atingindo um dos maiores índices da história, aumentando a desigualdade social.

O filme além de ser uma grande crítica ao sistema previdenciário da Inglaterra nos emociona, uma vez que começamos perceber que é uma história entre milhares e não só na Inglaterra. A maior dificuldade de Daniel é com a tecnologia imposta a ele, já que é o único meio pelo qual ele pode conseguir o que precisa. Com isso vemos um sistema falho e feito para não cooperar, que não olha para os seres humanos que necessitam desse acesso, pois a maioria dos formulários são online, ou por chamadas automatizadas, isso tudo apesar do atestado médico desaconselhando o trabalho. No meio disso encontra Katie e seus filhos, uma mãe solteira em busca de emprego, ele se solidariza com ela começando uma amizade sincera no meio de todo aquele individualismo. Dan é um analfabeto digital, mesmo tentando fazer um curso de informática o que ajudaria a conseguir pelo menos enviar currículos pela internet, não o ajuda em nada, deixando ele ainda mais sem esperanças, e em um ato de desespero ele decide pichar o prédio do Departamento do Trabalho e picha: “Eu, Daniel Blake. Não sou um cachorro. Exijo meus direitos”. Claro que com esse ato ele acaba indo parar na delegacia. Outra cena bem marcante é quando Katie, em um centro de distribuição de alimentos gratuitos abre uma lata de alimento enlatado por não aguentar mais de fome. 

A discussão entre a turma foi proveitosa, deu pra notar a indignação de todos com esse sistema que tenta culpar os indivíduos de sua pobreza, além da invisibilidade que a população pobre têm para a sociedade. Igualmente como os funcionários dessas empresas terceirizadas, tratam o próximo com tanta frieza e falta de humanidade. Não há como não se sensibilizar com as situações expostas no filme, deixando uma grande reflexão sobre como esse sistema suga as pessoas e tira pouco a pouco sua resistência. 





                                                                                                                PETiana: Mirlla Casimiro

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