quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Leitura coletiva : A vida invisível de Eurídice Gusmão - Martha Batalha.


A atividade consiste na escolha e leitura de uma obra literária para posterior discussão pelo grupo PET. A ideia para a atividade surgiu a partir da necessidade de conhecer e discutir obras para além das acadêmicas, uma vez que, consideramos de suma importância o contato com a literatura para compreender tanto seus contextos de produção, quanto as geografias produzidas através destas leituras.

Na ocasião, a obra escolhida foi o romance “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, da autora brasileira Martha Batalha, cuja primeira publicação se deu em 2016. O livro também teve uma adaptação para o cinema com o título “A vida invisível”, no ano de 2019, pelo diretor Karim Aïnouz. 

Após a leitura do livro, o grupo se reuniu para discuti-lo no dia 20 de setembro, às 14h, de forma remota. Durante a atividade, cada integrante do grupo comentou sobre partes do livro que chamaram a atenção. 

A obra fala sobre a vida de Eurídice Gusmão, uma mulher que se casou jovem e teve dois filhos, Cecília e Afonso. Passou grande parte da sua vida como dona do lar, mãe e esposa. Eurídice é humilhada pelo marido desde sua lua de mel, por não sangrar na sua primeira noite, humilhações que aconteciam nas chamadas “noites de choro e uísque”, quando Antenor bebia e a lembrava daquela noite sofrida dela, lhe chamando de vagabunda, sendo que ela nunca esteve com outro homem. 

Eurídice era uma mulher inteligente, gostava de ciência, poesia, tudo que a interessava seria capaz de aprender. Quando o marido ia para o trabalho e as crianças para escola, ela ficava sozinha pensando no que faria para ocupar o tempo livre, o qual passava, inicialmente, criando  receitas. Em dado momento, pensou em produzir um livro de receitas para jovens moças que não sabiam cozinhar, mas quando a sua ideia foi apresentada ao marido, este lhe disse que ninguém compraria um livro feito por uma dona de casa. Eurídice ficou chateada por não ter o apoio do marido, mas naquela época as mulheres eram “criadas” para serem donas de casa, com sua função restringindo-se a cuidar dos filhos e ser uma boa esposa, pensamentos ainda presentes em nossa sociedade. 

O livro aborda a partir de diversas personagens, sobretudo, a partir de Eurídice, a condição de invisibilidade a qual as mulheres eram (e ainda são) submetidas, com seus sonhos e desejos sempre sufocados, suas histórias restritas às paredes de casa, silenciadas, fazendo das diversas “Eurídices” que existem por aí, mulheres que “poderiam ter sido”. Conforme aponta a autora na introdução, “Eurídice e Guida foram baseadas na vida das minhas, e das suas avós".


 PETianos: Ana Carla Barbosa, Anderson Luiz, Thiago Biscaya.


A vida invisível de Eurídice Gusmão. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 188p.


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