No
dia 14 de outubro de 2018 foi realizado uma ação social para as crianças do
bairro Estrela Verá, contando com a parceria de todos os grupos Pet’s da
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Basicamente, a ação social
consistiu na montagem de barracas e de brinquedos alugados pelos
professores/tutores do programa, que acompanhado de lanches e bebidas, tinha o
objetivo de fornecer um dia especial para os pequeninos daquele bairro, em
comemoração à semana do dia das crianças.
Foi
gratificante observar a alegria e o sorriso daquelas crianças que se divertiam
com os brinquedos em um dia de domingo ensolarado e extremamente quente, da
mesma forma que foi gratificante e ao mesmo tempo bastante prazeroso trabalhar
com os outros grupos Pet da UFGD, que mostraram uma verdadeira união e espirito
de equipe na hora de se organizarem para a execução desta ação social. Ações
deste tipo ajudam na nossa formação humana e cidadã, ressaltando o valor do
trabalho em equipe e do companheirismo em prol de um objetivo que vai além da
busca de satisfação profissional e acadêmica.
Mas,
sendo um estudante de geografia com um olhar crítico e atento a aquilo que me
cerca, não pude deixar de notar alguns detalhes no Bairro Estrela Verá, como as
ruas não pavimentadas e as diversas casas de madeiras construída de forma
precária ao redor do bairro. Além disso, também não pude deixar de notar a
composição étnica das crianças (que em sua grande maioria andavam com roupas
simples além de bastantes sujas e manchadas pelo barro da região), dos pais das
crianças e das pessoas que moram no bairro, que são, em sua grande maioria,
afrodescendentes.
O
motivo de ressaltar estes detalhes percebidos é para chamar a atenção para a
questão de desigualdade social e étnica existente na cidade, pois, se qualquer
pessoa andar em bairro tidos como melhores “localizados” e mais “valorizados”
(como os bairros próximos da UNIGRAN e da FADIR por exemplo) pode até encontrar
afrodescendentes morando nestes lugares, mas com certeza não na mesma proporção
e quantidade, fato bastante contraditório para um país constituído de 51% de
afrodescentes. A ação social, por mais bonita e gratificante que seja, não muda
de forma permanente a realidade das crianças que moram no Estrela Verá,
logicamente, não posso deixar de ressaltar a alegria que as mesmas tiveram com
esta ação social, alegria esta que foi verdadeira e autêntica, mas a pergunta a
se fazer é, e depois deste dia? Qual perspectiva estas crianças terão para o
futuro? O que eles farão depois de
completarem 18 anos? Os grupos Pet’s da UFGD enquanto pertencentes e vinculados
a uma instituição pública não pode virar as costas para uma realidade que nos
parece distante, mas que na verdade está próxima a nós dividindo o espaço na
mesma cidade e demonstrando que há pessoas que não usufruem daquilo que a
cidade tem a oferecer do mesmo modo que nós, estudantes, técnicos e professores,
pois o direito à cidade destas pessoas é constantemente negado.
É
nosso dever pensarmos conjuntamente em uma ação social que mude de forma
profunda e verdadeira a vida destas pessoas e das crianças, pois é inadmissível
que um país como o Brasil tenha pessoas que não tenham acesso a serviços tão
essenciais como uma moradia de qualidade, negar qualquer tipo de ajuda que mude
as condições de vida destas pessoas é não ser humano além de hipócrita.
De
qualquer forma, agradeço a Professora Zefa do Pet Biologia por ter dado esta
oportunidade ao Pet Geografia de realizarmos uma atividade tão gratificante
como esta, além de demonstrar uma realidade que é desconhecida por muitos de
nós do meio acadêmico e estudantil, choques de realidade como este demonstra o
quanto é importante a discussão e combate à desigualdade social que é existente
e ainda tão profunda na nossa sociedade, se manifestando em espaços desiguais e
precários, nos quais as pessoas que não tem a capacidade de consumo e de compra
desejada pelo mercado são mandadas para lugares distantes e afastados das áreas
centrais e comerciais do município, sendo apartadas dos melhores lugares de
Dourados que são reservados para aqueles que podem pagar o preço exigido pelo
mercado, construindo por sua vez, espaços fragmentados e desiguais, com
diferentes e gritantes realidades distintas só que conectadas pela mesma cidade
que é Dourados.
Petiano:
Anderson Aparecido